Encontro de Mulheres do Acre e sul do Amazonas renova a luta por dignidade no campo e na floresta

Carlos Henrique Silva (Comunicação CPT Nacional), com informações da CPT Regional Acre

Um momento de encorajamento mútuo nas lutas das mulheres do campo e da floresta, de várias regiões, idades e realidades. Assim se pode resumir o Encontro de Mulheres organizado pela CPT Regional Acre, realizado entre os dias 29 de novembro a 01 de dezembro, no município de Cruzeiro do Sul.

Participaram em torno de 30 mulheres do Acre e Sul do Amazonas, nas comunidades: Valparaíso, Polo Agroflorestal, Tapiri, Ramal Boa Hora, Projeto Santa Luiza, Seringal São Bernardo, Cruzeirinho, Lago Novo e o Sindicato de Sena Madureira.

Dentre os temas abordados, elas compartilharam experiências sobre autocuidado, inclusão, autoestima, empoderamento e protagonismo nas comunidades, dentre outros.

Uma das constatações levantadas é o alto índice de mulheres vítimas da violência doméstica nos territórios, o que revela o anseio delas para que todas as mulheres sejam livres, libertadas, saiam de relacionamentos abusivos. As mulheres também colocaram na discussão a questão climática, e qual será o seu posicionamento para realizar ações que ajudem o clima. A necessidade de politicas públicas direcionadas às mulheres também foi uma das reivindicações.

A agricultora Cosma Bezerra, do Seringal São Bernardo, declara as dificuldades e anseios vivenciados em sua comunidade:

“Nós moramos no meio do conflito. Esse ano, que foi liberado o manejo orgânico na nossa área, a gente vê saindo caminhões e caminhões carregados de madeira. Quando a gente vai pedir apoio pra as autoridades, eles dizem que não pode fazer nada lá dentro, porque é uma área de conflito com fazendeiro. Hoje nós não temos luz lá no seringal, porque o fazendeiro não deixa. Mas o fazendeiro pode meter o trator lá dentro, fazer ramal, puxar madeira, faz manejo, faz tudo. Por que as autoridades não enxergam o que nós temos? Nós somos moradores de lá, sobrevivemos de lá, nossa família é de lá, nossos filhos nasceram e se criaram naquele lugar, e nós não temos essa autoridade. O poder público não tem poder para ajudar o pequeno produtor. A solução que eles dão pra a gente é o fazendeiro chegar na porta de casa querendo ameaçar, e você ser obrigada a fazer contrato, pra se sentir livre daquele problema que tá acontecendo dentro da comunidade da gente”, afirmou.

“Nestes encontros, elas afirmam que se fortalecem, conhecem e trocam experiências umas com as ao utras. A palavra certa é que elas suplicaram para a CPT realizar mais momentos como estes, seja nas comunidades, em nível regional e nacional”, afirma Darlene Braga, da coordenação regional Acre. A equipe acrescenta que, ao longo do ano, nas visitas às comunidades, é perceptível o quanto as mulheres saem mais fortes, empoderadas, donas de si, animadas e esperançosas com modos de vida baseados na resistência e na superação das violências trazidas pelo machismo.

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