Brasil propõe debate sobre governança de IA, saúde global e reforma financeira para próxima cúpula do Brics

por Marcos Diniz, em Fórum 21

BRICS+

O Brasil irá propor o debate sobre governança de inteligência artificial na próxima cúpula do Brics, conforme documento divulgado nesta quinta-feira (13). O encontro também abordará temas como cooperação em saúde global e reforma financeira.

A presidência brasileira do bloco defenderá uma governança inclusiva e ética para IA, argumentando que seu desenvolvimento não deve ficar restrito a poucas empresas ou países. A proposta visa estabelecer diretrizes multilaterais que garantam acesso justo, proteção dos direitos humanos e prevenção de vieses algorítmicos. O grupo, formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, trabalhará no desenvolvimento de ecossistemas soberanos de IA que reflitam a diversidade linguística e cultural da humanidade.

A posição brasileira ganha relevância após os EUA se recusarem a assinar uma declaração internacional que promove IA “inclusiva” e “sustentável”. O vice-presidente americano J.D. Vance justificou a decisão argumentando que regulamentações excessivas podem prejudicar a inovação. A cúpula está programada para julho [South China Morning Post].

TARIFAÇO

O governo brasileiro tem adotado a via diplomática para tentar reverter a decisão de Donald Trump de aplicar tarifas de 25% sobre importações de aço e alumínio para os EUA, antes da entrada em vigor da medida em 12 de março. O esforço foi alinhado com empresas dos setores afetados, visando retornar à política de cotas negociada durante o primeiro mandato do republicano, quando acordos com países como Brasil e Argentina estabeleceram um sistema de cotas isentas de tarifas.

O ministro da Fazenda Fernando Haddad criticou a taxação, afirmando que “medidas unilaterais desse tipo são contraproducentes para a melhoria da economia global. A economia global perde com isso, com essa retração, com essa ‘desglobalização’ que está acontecendo”. O governo brasileiro acompanha as reações de outros países enquanto o Ministério da Indústria reúne dados para apresentar ao presidente Lula.

Na Argentina, a decisão prejudicou os planos de Javier Milei, que buscava um acordo de livre comércio com os EUA, com a medida de Trump contrastando com sua retórica pró-mercado [La Diaria].

COM A ENERGIA DO BR

Brasil e Uruguai assinaram um novo acordo de intercâmbio de energia elétrica durante a IX Mesa de Diálogo do Sistema de Integração Energética dos Países do Sul (Siesur), nesta quarta-feira (12). O acordo aprimora a interconexão entre os países e amplia a capacidade de transmissão para entre 150 e 500 megawatts por hora.

A ministra uruguaia da Indústria, Energia e Mineração, Elisa Facio, assinou o documento junto com o embaixador brasileiro Marcos Repaso López e outros representantes dos dois países. Atualmente, o Uruguai importa energia do Brasil durante o verão por ser mais econômico que acionar suas usinas térmicas. O país é referência no cenário regional por sua matriz energética limpa, alcançando 99,1% de geração elétrica renovável em 2024, principalmente de fontes hidrelétricas, eólicas, solares e biomassa [Prensa Latina].

COP: LENGA-LENGA

O presidente Lula manifestou insatisfação com o Ibama ao comentar sobre a demora na análise do recurso apresentado pela Petrobras para extração de petróleo na Foz do Iguaçu. “Se depois a gente vai explorar, é outra discussão. O que não dá é para a gente ficar nesse lenga-lenga. O Ibama é um órgão do governo, parecendo que é um órgão contra o governo”, afirmou nesta quarta-feira (12), em entrevista a uma rádio de Macapá (AP). Lula defende que os recursos da exploração petrolífera poderiam impulsionar projetos de energia limpa no país, que já possui 90% de sua matriz elétrica baseada em fontes renováveis, principalmente energia hidrelétrica, conforme dados do governo.

Ambientalistas, como Marcio Astrini, do Observatório do Clima, criticam a iniciativa, argumentando que a busca por novas fontes de petróleo prejudica a imagem do Brasil como líder climático global. A decisão também gera controvérsia por ocorrer quando o Brasil se prepara para sediar a COP30, conferência climática da ONU, em Belém, cidade próxima à área de exploração [Independent].

COP: RETROCESSO?

Ainda durante sua entrevista à rádio Macapá, o presidente brasileiro expressou preocupação com o impacto do retorno de Donald Trump à presidência dos EUA sobre os acordos climáticos globais, destacando que o comportamento do líder americano pode dificultar o compromisso de países ricos com a preservação ambiental. Ele lembrou que promessas anteriores de financiamento – como os 100 bilhões de dólares acordados em 2009 para preservação de florestas – nunca foram cumpridas. Segundo Lula, seriam necessários 1,3 trilhão de dólares para atender às necessidades ambientais dos países em desenvolvimento [Europa Press].

COP: DISCURSO DE ÓDIO

A Polícia Federal (PF) conduz investigações após identificar ameaças contra o presente nas redes sociais. As intimidações estão relacionadas à visita presidencial a Belém, para os preparativos da COP30. O suspeito foi alvo de medidas judiciais, incluindo uso de tornozeleira eletrônica e proibição de se aproximar dos locais frequentados pelo presidente. A PF realizou busca e apreensão como parte das investigações em andamento. Lula já havia manifestado preocupação com ataques virtuais anteriormente, defendendo a necessidade de regulamentação das redes sociais no Brasil, seguindo exemplos internacionais, sem que isso configure censura [Prensa Latina].

NOVA SOJA

A Embrapa aguarda autorização da Anvisa para o lançamento de um programa com duração de 12 anos para desenvolver o cultivo de cannabis no Brasil. O projeto inclui a criação de um banco de sementes e adaptação de variedades ao clima brasileiro. Cerca de dez empresas nacionais e internacionais já demonstraram interesse em parcerias de pesquisa, visando aplicações medicinais e industriais. A iniciativa surge após decisão judicial que legalizou o plantio de cânhamo medicinal, variedade com menos de 0,3% de THC. A Embrapa pretende replicar o sucesso alcançado com a soja, quando suas pesquisas impulsionaram o Brasil à liderança mundial na produção do grão [Reuters].

*Imagem em destaque: Ricardo Stuckert

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