Agentes apreenderam e destruíram dragas e equipamentos utilizados pelos garimpeiros, que ameaçam revidar contra fiscalização
As últimas semanas têm sido especialmente agitadas para os garimpeiros ilegais nos diferentes territórios da Amazônia Legal. Em operação conjunta no último final de semana, a Polícia Federal e o IBAMA atuaram nas Terras Indígenas Sete de Setembro, Roosevelt e Zoró, localizadas na divisa entre Rondônia e Mato Grosso, para combater o avanço exponencial do garimpo ilegal na região. A notícia é da Agência Brasil, g1 e R7.
Durante a ação, foram inutilizados equipamentos dos criminosos, incluindo motores, motocicletas e quatro escavadeiras hidráulicas, causando um prejuízo estimado em mais de R$ 2 milhões aos envolvidos na atividade ilegal. A operação, concentrada no eixo de Ji-Paraná (RO), reforça o combate aos crimes ambientais que ameaçam territórios indígenas já sob pressão.
Mas os prejuízos não ficaram por aí. Como destacou o Correio Braziliense No Pará, a Operação de Desintrusão da Terra Indígena Kayapó, iniciada no último dia 5 com coordenação da Casa Civil e do Ministério dos Povos Indígenas, intensificou nas primeiras semanas de maio o combate à atividade garimpeira, causando uma perda superior a R$ 12 milhões aos criminosos.
Foram destruídos maquinários pesados, como retroescavadeiras, balsas, dragas e estruturas de apoio, além de bares, prostíbulos, depósitos e alojamentos clandestinos instalados dentro da TI Kayapó.
As operações concentraram-se nas áreas mais críticas do território indígena, incluindo os garimpos Rio Branco, Maria Bonita, Pista Branca, Cumaruzinho, Tarzan e Santili. A ação envolveu 20 órgãos federais, como Polícia Federal, IBAMA e FUNAI, com apoio logístico e de inteligência do CENSIPAM (Ministério da Defesa) e transporte aéreo do IBAMA para áreas remotas. A destruição sistemática da infraestrutura criminosa visa não apenas coibir a extração ilegal, mas também restabelecer o controle indígena sobre a TI Kayapó, uma das mais pressionadas pelo garimpo na região.
Já no rio Madeira, em Humaitá (AM), conforme relatou a Folha, garimpeiros organizam resistência armada contra agentes da PF e IBAMA, trocando mensagens em grupos de WhatsApp com planos de “meter bala” nos fiscais e sabotar as operações.
As ameaças incluem cercar agentes no rio Beem, usar foguetes para proteger balsas e até invadir a praça central da cidade durante as comemorações do aniversário de 155 anos do município, que começaram nesta 3a feira (13/5). Em áudios obtidos pela reportagem, ouvem-se explosões ao fundo, enquanto um dos invasores afirma: “A festa em Humaitá acabou”. A PF diz monitorar a situação, mas o IBAMA não se pronunciou.
- Em tempo: Também não têm sido tempos fáceis para os desmatadores ilegais em território amazônico. Segundo noticiou a Folha, o presidente do IBAMA, Rodrigo Agostinho, anunciou que fará uma revisão minuciosa das autuações da operação “embargão”, a maior ação de embargo remoto da história do órgão. A operação, que mirou especialmente o Pará, gerou reações de ruralistas e do governador Helder Barbalho (MDB), que levou uma comitiva a Brasília para reclamar com a ministra Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais). No entanto, Agostinho destacou que a maioria dos desmatamentos ilegais identificados ocorreu em reservas onde a supressão vegetal é proibida em qualquer hipótese, reduzindo a margem para erros.
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Foto: Divulgação/Funai
