USP entrega diplomas honoríficos de estudantes da Física mortos pela ditadura militar

Holofote

O Instituto de Física da USP (Universidade de São Paulo) vai entregar os diplomas honoríficos de seus três estudantes que não puderam terminar o curso devido a repressão da ditadura militar.

Os familiares de Jeová Assis Gomes, José Roberto Arantes de Almeida e Juan Antônio Carrasco Forrastal vão receber os documentos de seus parentes no dia 3 de novembro, às 17h, no Auditório Abraão de Moraes, no prédio da Física.

Jeová e José Roberto também militaram no movimento estudantil. Zé Roberto foi inclusive vice-presidente da UNE, a União Nacional dos Estudantes.

Com o fechamento do regime, os dois partiram para a luta armada. Foram combatentes da ALN, a Ação Libertadora Nacional, e posteriormente do Molipo, o Movimento de Libertação Popular.

Juan Antônio, boliviano de La Paz, não tinha nenhum envolvimento com o movimento estudantil nem com organizações de esquerda. Mesmo assim foi preso pela ditadura.

Os três foram brutalmente torturados pela repressão.

Cuba

Posteriormente, Jeová e José Roberto foram para Cuba fazer treinamento guerrilheiro.

De volta ao Brasil, entraram no radar de monitoramento do regime.

A Comissão Nacional da Verdade encontrou o relatório Operação Ilha, do SNI, o Serviço Nacional de Informação, que revela que a ditadura pretendia exterminar todos os integrantes do grupo que haviam treinado em Cuba.

José Roberto e o companheiro de organização Aylton Adalberto Mortati foram os dois primeiros guerrilheiros do Grupo da Ilha a serem assassinados.

Morreu sob tortura, em novembro de 1971, no DOI-Codi de São Paulo, após ter sido preso no aparelho da organização, na rua Cervantes, na Vila Prudente, zona leste da capital paulista.

A versão oficial alegava que José Roberto havia sido morto em tiroteio com as forças de repressão. Mas as marcas no corpo desmentiram a ditadura e apontaram que a morte havia sido sob tortura.

Jeová foi executado por agentes do DOI-Codi, em janeiro de 1972, em Goiás, atualmente Estado do Tocantins. Engrossa até hoje a lista de desaparecidos políticos.

As sequelas físicas e psicológicas provocadas pela ditadura militar foram permanentes em Juan Antônio. Ele se suicidou em Madri, na Espanha, em outubro 1972.

Serviço

Diplomação honorífica dos estudantes do Instituto de Física da USP mortos pela ditadura militar

Quando: Segunda-feira, 3 de novembro, às 17h.

Onde: Auditório Abraão de Moraes do Instituto de Física da USP, localizado na rua do Matão, 1.371, Cidade Universitária, Butantã.

A USP também construiu um memorial em homenagem aos estudantes, professores e funcionários da Universidade mortos pela ditadura militar Foto: Jornal da USP

Enviada para Combate Racismo Ambiental por Zelik Trajber.

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