Na Abraji
A Abraji considera inaceitáveis a censura imposta à imprensa pela Câmara dos Deputados e a violência contra jornalistas e parlamentares. Uma sociedade democrática não pode apresentar espetáculos grotescos de autoritarismo como o presenciado no início da noite desta terça-feira, 9 de dezembro, na Casa do Povo.
Dezenas de jornalistas foram expulsos do Plenário da Casa e o sinal da TV Câmara foi cortado depois que o deputado Glauber Braga (PSOL-RJ) ocupou a cadeira do presidente da Câmara. A sociedade só teve acesso às grotescas imagens do parlamentar sendo arrastado à força pela Polícia Legislativa, com parlamentares sendo agredidos, entre eles duas mulheres, porque outros parlamentares filmaram o episódio.
Enquanto acompanhavam a saída do deputado do Plenário, jornalistas foram empurrados e agredidos por integrantes da Polícia Legislativa, como o repórter da Globo Guilherme Balza e a jornalista do UOL Carol Nogueira, entre outros colegas.
Sobre o gesto de Braga, o presidente da Câmara, Hugo Motta, afirmou em uma rede social: “Temos que proteger a democracia do grito, do gesto autoritário, da intimidação travestida de ato político. Extremismos testam a democracia todos os dias. E todos os dias a democracia precisa ser defendida. Determinei também a apuração de possíveis excessos em relação à cobertura da imprensa.”
É importante que o presidente da Câmara entenda que “proteger a democracia” inclui garantir acesso a informações de interesse público e o exercício do jornalismo. Disse o presidente que a ordem de censura e agressão não partiu dele, o que causa ainda mais espanto porque seria impensável que, sem suas ordens, o sinal da TV Câmara fosse cortado e os jornalistas expulsos de uma sessão plenária na Casa do Povo. Também é inaceitável que pessoas sejam agredidas dentro da Câmara por agentes da própria Casa.
A Abraji se solidariza com os colegas agredidos e censurados e cobra da Câmara explicações, responsabilização dos culpados e medidas para que tais atos antidemocráticos não voltem a ocorrer.
