Evento ofereceu mais de 200 tipos de alimentos agroecológicos, entre frutas, legumes, verduras, sementes, plantas e produtos artesanais, além de doar 2 mil mudas de árvores nativas a organizações de luta
Por Jéssica Lima, da Página do MST
A Feira Estadual da Reforma Agrária Cícero Guedes do Rio de Janeiro, organizada pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) encerra sua 16ª edição nesta quarta-feira (10), com números expressivos e uma programação intensa. De acordo com o balanço do evento, durante três dias, cerca 10 mil visitantes passaram pela Feira, em uma grande tenda montada em frente à estação do metrô, no Largo da Carioca.
Ao todo, foram comercializadas 45 toneladas de alimentos in natura sem agrotóxicos, como frutas, legumes e verduras, além de sementes, plantas e produtos artesanais, agroindustrializados e fitoterápicos. Outro destaque foi a diversidade de produtos disponibilizados à população carioca, com mais de 200 tipos de itens.
Somando feirantes, agricultores urbanos e equipes de trabalho, a Feira reuniu 250 participantes e expositores, vindos de assentamentos da Reforma Agrária e de oito cooperativas e associações das regiões dos Lagos, Norte/Noroeste, Sul e Baixada Fluminense e também de outros estados, como Minas Gerais, São Paulo e Espírito Santo.
“Recebemos 10 mil pessoas que puderam conhecer e consumir o que temos de melhor nas nossas cooperativas e assentamentos do Rio. Essa Feira foi grandiosa, envolveu o trabalho de muita gente que batalha para produzir a comida que chega à mesa de milhões de pessoas. Tudo isso é fruto da luta e da produção da Reforma Agrária Popular”, enfatizou Mateus dos Santos, dirigente nacional do MST.
Diante do compromisso do MST com a solidariedade Sem Terra, os assentados da Reforma Agrária e agricultores urbanos presentes na Feira doaram alimentos agroecológicos a sete territórios fluminenses, que fomentam a soberania alimentar em suas regiões. As organizações beneficiadas foram o Quilombo das Caboclas, a Comunidade do Sereno, a Serra da Misericórdia, a Comunidade do Formiga, a Organização Telhado Verde, a Ocupação do Movimento Unido dos Camelôs, o MUCA, e o Quilombo da Gamboa.
Além disso, também foram doadas 2.000 mudas de árvores nativas para organizações que fortalecem a luta nos territórios. As mudas foram cedidas pela Fiocruz Campus Mata Atlântica, em Jacarepaguá, Cedae e Cooperar.
Ao todo, seis cozinhas pertencentes à Culinária da Terra participaram da Feira expondo uma seleção de 33 pratos que representam a diversidade da culinária popular e da produção agrícola das regiões. Entre as opções, estiveram preparos tradicionais como cuscuz, arroz carreteiro e vaca atolada; receitas criativas à base de mandioca, incluindo bolos, caldos, escondidinhos e empadas; pratos internacionais como lasanha com banana-da-terra, empanadas e patacones; além de doces e bebidas artesanais, como rabanadas com pães veganos produzidos nos assentamentos, geleias caseiras, sucos naturais e café orgânico.
As cozinhas participantes foram do Armazém do Campo, Coletivo Margaridas do Karucango (Lagos), Regional Sul Fluminense, Cozinha Coletiva Mulheres em Ação (Serra da Misericórdia), Sabores do Mundo e Cozinha do Arrocha Vidigal.
Eró Silva, dirigente nacional do MST, classificou a 16ª edição da Feira Estadual da Reforma Agrária Cícero Guedes como um sucesso e afirmou que o evento é um marco do início da celebração dos 30 anos do MST no Rio de Janeiro.
“Disponibilizamos uma grande diversidade de alimentos agroecológicos, fomentamos a soberania alimentar unindo campo e cidade e conseguimos pautar a urgência do debate da Reforma Agrária Popular. A Feira é o resultado concreto da Reforma Agrária Popular. E as ocupações de terras são necessárias para que a gente possa ter comida de verdade no prato da classe trabalhadora”, concluiu Eró. Ela ressaltou ainda que as recentes conquistas do Movimento no território fluminense, com os novos assentamentos Irmã Dorothy e Cícero Guedes, que vão reunir mais de 250 famílias.
A Feira também foi um lugar de fomento da arte e da cultura popular. A programação incluiu nove apresentações artísticas e atrações culturais, além de dez oficinas e seminários que trouxeram ao debate temas da atualidade, como combate à fome, crise climática e justiça ambiental.
“Da distribuição de 2.000 mudas da Mata Atlântica às oficinas, cozinhas e cooperativas de quatro regiões do estado, a Feira Cícero Guedes reafirma que é o povo que planta, produz e alimenta o Brasil”, comemorou Livea Bilheiro, coordenadora da Escola Estadual de Formação e Capacitação à Reforma Agrária (Esesf).
*Editado por Solange Engelmann
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Foto: Jeff Augusto
