Jesus Cristo nasceu em Belém, Palestina

Na véspera de Natal, milhões de cristãos ao redor do mundo celebram o nascimento de Jesus Cristo como uma mensagem de amor, justiça e dignidade humana. No entanto, poucos param para refletir sobre uma verdade histórica inegável que é deliberadamente silenciada hoje: Jesus Cristo nasceu em Belém, Palestina, viveu como palestino e morreu sob um regime de ocupação.

Belém não é um símbolo abstrato ou um cenário mítico dissociado da realidade. É uma cidade palestina viva e ferida, cercada hoje por muros, postos militares e assentamentos ilegais. A própria terra onde o menino Jesus nasceu continua sendo palco de perseguição, expulsão e desumanização.

Jesus Cristo nasceu pobre, em uma manjedoura, perseguido desde o nascimento pelos poderes políticos de sua época. Ele teve que fugir com sua família para salvar sua vida. Foi escolhido a dedo, vigiado, acusado e, finalmente, executado por um sistema colonial que temia sua mensagem de justiça e libertação. Não é essa a mesma lógica que está sendo aplicada contra o povo palestino hoje?

Se Jesus Cristo tivesse nascido nesta época, o sionismo o rotularia como uma ameaça, o monitoraria, o acusaria de incitação, o prenderia sem acusação ou o assassinaria sob o pretexto de “segurança”. Maria seria interrogada em um posto de controle. José precisaria de uma permissão para trabalhar. E Belém estaria cercada por muros e soldados.

Esta não é uma metáfora exagerada. É a realidade diária do povo palestino.

É profundamente contraditório que, enquanto missas são celebradas e luzes de Natal são acesas, os cristãos palestinos — descendentes diretos da terra de Cristo — sejam expulsos, suas igrejas atacadas e sua presença reduzida a menos de 2% da população, precisamente por causa da ocupação e suas políticas sistemáticas.

Jesus Cristo não nasceu europeu. Ele não nasceu ocidental. Ele nasceu palestino, falava a língua do seu povo, caminhou pela sua terra e enfrentou a opressão do seu tempo com uma mensagem clara: a verdade liberta, a justiça incomoda e o poder injusto sempre teme o amor consciente.

Da União Palestina da América Latina (UPAL), afirmamos que defender a Palestina hoje é honrar a mensagem de Jesus Cristo, não traí-la. O silêncio diante da injustiça não é neutralidade; é cumplicidade. E celebrar o Natal ignorando o sofrimento do povo onde Cristo nasceu é esvaziá-lo do seu significado mais profundo.

Neste Natal, lembramos que Belém permanece crucificada, que a Palestina continua a aguardar a ressurreição e que a verdadeira fé não se mede por rituais, mas pela defesa ativa da dignidade humana.

Jesus Cristo nasceu na Palestina.
E a Palestina continua a aguardar justiça.

.

União Palestina da América Latina – UPAL
24 de dezembro de 2025

Foto: Saher Alghorra /New York Times

 

Deixe um comentário

O comentário deve ter seu nome e sobrenome. O e-mail é necessário, mas não será publicado.

dezoito − 15 =