Central de abastecimento no ABC paulista começa a monitorar agrotóxicos em alimentos

por Redação RBA

Desde o início do ano, a Central de Abastecimento de Santo André (Craisa), cidade do ABC paulista, monitora a quantidade de agrotóxicos presentes nos legumes, frutas e verduras distribuídos por seus concessionários. O objetivo do trabalho, pioneiro, é incentivar a fiscalização por parte de produtores e distribuidores, além de tornar o consumidor mais consciente sobre a qualidade dos alimentos que ingere.

Em entrevista à repórter Vanessa Nakasato da TVT, o engenheiro agrônomo do Craisa, Fábio Vezzá, explica que o resultado de duas análises feitas em tomates deram o alerta para que a central de Santo André passasse a monitorar os produtos vendidos. “Encontramos 17 resíduos de defensivos diferentes. Dois dos pesticidas estavam acima do limite permitido e um outro, não era permitido. A gente tem o projeto de fazer 15 amostras por mês a partir de 2016.”

“A gente quer um alimento seguro pro consumidor, pro ambiente e pro agricultor que produziu”, conclui.

O atacadista Pedro Albuquerque de Campos considera que vende alimentos com “muito veneno”, e explica que os produtos chegam com mais toxinas do que o necessário, pois há um período – não respeitado – de carência entre a aplicação do agrotóxico e a colheita do alimento, para que o pesticida não prejudique a saúde do consumidor. “Tem muito agrotóxico, é bastante mesmo. Tem que ter um tempo determinado para tirar, mas o lavrador é ganancioso e não espera.”

Fábio explica que quanto mais difícil o cultivo e mais fora de época, maior a carga de pesticida que o produto recebe “Por exemplo, quando eu era criança, lembro que só tinha morango no inverno, hoje, durante o verão tem morango, então ‘é natural’ que a gente encontre mais pesticida.”

A Central de Abastecimento de Santo André vai repassar os resultados dos produtos ao Ministério de Agricultura e à Anvisa.

Segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), o Brasil é o maior consumidor de agrotóxicos do mundo. O relatório recente do Inca aponta que o país consome um milhão de toneladas ao ano, ou seja, cada brasileiro consome 5,2 quilos de agrotóxicos por ano.

A alternativa para o consumidor são os alimentos orgânicos, preço dos alimentos orgânicos inibe o consumo, já que eles custam cerca de 30% a mais do que os produtos tradicionais.

Márcio Stanziani, integrante da Associação dos Agricultores Orgânicos, reivindica incentivo do governo para a produção livre de agrotóxicos. “O governo investe no produto tradicional e subsidia os agroquímicos, e as políticas públicas que existem para a agricultura orgânica são pequenas (sic). O consumidor não tem consciência que esse produto barato não vai reverter na sua saúde, que provavelmente terá de gastar no futuro por causas dos problemas de saúde.”

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