No Cimi MS
Um rezador foi atingido por uma bala de borracha nesta segunda, 14, em ataque de fazendeiros contra o acampamento Guarani, Kaiowá e Terena de Ita Poty, entre os municípios de Dourados e Itaporã (MS). O indígena tem 70 anos e não corre risco de vida, e é a segunda vítima de ataques atribuídos a proprietários rurais no local nos últimos quatro dias. As informações são de indígenas do tekoha.
No sábado, dia 12, o indígena Isael Reginaldo foi alvejado durante ataque de fazendeiros no mesmo local. No dia 10, momentos depois da saída da relatora Victoria Tauli-Corpuz do tekoha Kurusu Ambá, no município de Coronel Sapucaia, a aldeia também foi atacada a tiros por pistoleiros das fazendas que incidem sobre a terra tradicional.
“Quem atirou tava de caminhonete, tinha umas duas, três caminhonetes”, explica uma liderança da retomada, que preferiu não se identificar. “Parou um dos carros, saiu um de dentro, e deu o tiro no rezador. Não conseguimos pegar eles, porque eles correm”.
O indígena relata que ameaças e ataques são constantes, de dia e de noite. “Ontem [segunda] foi o pessoal da Rit Tv [canal de televisão local] lá, e aí vieram os fazendeiros. Chegaram ameaçando, parecia que tavam decididos a atirar em nós. Só não atiraram em nós porque a TV tava lá”.
Segundo a liderança os fazendeiros estão alternando o uso de munição letal e não-letal como estratégia para manter os ataques, mesmo sob a presença das forças policiais. “Porque a Polícia Federal agora está indo na área, eles estão usando bala de borracha. Mas na verdade não é, tão usando os dois. Mas mesmo assim preocupação nossa é usar bala de borracha e ferir, porque machuca também”.
Ele explica que a terra reivindicada, onde incide a fazenda Cristal, está ociosa há muitos anos. “Quem tá atacando não é os fazendeiros da terra, porque lá a terra tá largada, o dono morreu. Não são os donos da fazenda que atacam, são os vizinhos. Entramos porque achamos que jamais ia ter confronto. Mas infelizmente os vizinhos não aceitaram e estão atacando”.
Segundo a contagem dos próprios indígenas, a retomada tem cerca de 60 famílias, que estão espalhadas nas áreas da fazenda mais próximas da rodovia, para evitar ataques em lugares onde há menos condições para se protegerem dos disparos.
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