Golpistas de olho na presidência da Funai

O Indigenista

Após o afastamento da presidente Dilma Rousseff pelo processo de impeachment, o interino Michel Temer (PMDB-SP) assumiu o cargo que seria, a princípio, para dar continuidade às ações do executivo federal, porém se mostrou um dos articuladores do golpe. Com isto, Temer e sua equipe passou a alterar toda a política econômica e administrativa que vinha sendo efetivada há mais de uma década por Lula e Dilma. A política indigenista está na mira dos golpistas e a presidência da Funai já sente urubus à sua volta.

Romero Jucá (PMDB-RR) já foi presidente da Funai e entrou para a história do Brasil como articulador do golpe no Congresso, como ficou provado no vazamento do áudio de conversa de Jucá com investigado na Operação Lava Jato, onde a estratégia de afastamento de Dilma se apresenta como solução para frear as investigações e impedir a prisão de políticos corruptos, os mesmos que urubusam os poderes em Brasília. Jucá não está morto, pois ainda mantém seus tentáculos sobre a política indigenista e a Funai, influenciando na indicação e nomeação de diretores.

O ex-diretor de Administração e Gestão da Funai, Antonio Carlos Paiva Futuro, foi nomeado para o cargo de Secretário Administrativo da Secretaria-Executiva da Secretaria de Governo da Presidência da República. Quem é Futuro? Para quem não sabe, Futuro é um dos responsáveis por um dos maiores contratos  nebulosos que a Funai herdou da época em que foi Diretor. Trata-se da Tecnologia de Informação que paga milhões a empresas terceirizadas por serviços simples de manutenção de computadores e redes, e que até hoje serve de exemplo de como se faz falcatruas sem deixar rastros.

Atualmente, com a provável saída de João Pedro (PT-AM) da presidência da Funai por conta do golpe, o cargo vem sendo rifado entre partidos e a maior influência é da Bancada Ruralista. Os Ruralistas querem estancar as ações do órgão indigenista, e para isto iniciaram investigações sem pé nem cabeça na CPI da Funai e Incra em 2015. Agora eles querem influenciar o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes (PSDB-SP), para nomear um presidente que “dialogue” com a Bancada.

Na lista estão alguns que já atuaram na época em que Fernando Henrique Cardoso era presidente. Por exemplo, Artur Nobre Mendes, antropólogo de carreira da Funai, foi presidente na década de 90 e hoje é Diretor de Promoção e presidente substituto. A forma de gestão de Nobre beira ao neo-liberalismo indigenista, sem se meter em grandes defesas da pauta indígena e mantendo a máquina do órgão em funcionamento, no antigo estilo batizado por Jorge Pozzobon de “Lumpen Indigenismo“, em que os servidores da Funai trabalham para si mesmos, e os indígenas são mero argumento para existência do órgão.

Outro que segue na lista é Walter Alves Coutinho Junior, também antropólogo, que foi Coordenador Geral de Identificação no governo FHC. Coutinho ficou conhecido na época por querer demarcar Terras Indígenas minúsculas, desrespeitando os Direitos Indígenas, com o argumento de que seriam mais fáceis de identificar sem a pressão de políticos. Na sua nova versão atual de Diretor de Proteção Territorial, Coutinho já deu vários sinais de seguir a mesma linha e pensar apenas na pressão dos Ruralistas, e deixar os indígenas de lado. Ele ameaçou revisar processos de identificação dos Guarani Kaiowá no MS, o que revoltou as organizações indígenas.

Coutinho, nestes tempos nebulosos, é o mais empolgado em ocupar a presidência da Funai no governo golpista de Michel Temer, Romero Jucá, Antonio Futuro, Alexandre de Moraes e outros anti-democráticos que usurparam o poder, mas a indicação ainda está sendo debatida nos corredores de Brasília.

O que não se lembra nestes corredores é que foi decretado em 2015 o Conselho Nacional de Política Indigenista – CNPI, e ocorreu a Conferência Nacional de Política Indigenista, e qualquer alteração nesta política deverá ser debatida no Conselho com presença de representantes dos Povos e Organizações Indígenas e indigenistas.

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