Cinco anos após a “revolta dos pinguins” — e apesar das promessas da presidente Bachelet — ensino ainda é fundamentalmente privado. Ocupação do palácio presidencial deflagra mobilização
No Democratize, em Outras Palavras
Por muito tempo, os defensores do liberalismo utilizaram a “experiência chilena” para propagar a tese de que não existe melhor solução para a Educação do que privatizar e tirá-la do controle do Estado. Esse modelo privado foi implantado pelo governo de Pinochet nos anos 70, no que seria uma espécie de “laboratório neoliberal” de propostas e ideias que jamais seriam aceitas em uma democracia ocidental naquele momento.
Segundo estatísticas de 2013, apenas 36% dos alunos são matriculados em escolas públicas.
A questão do alto número de universidades privadas no país, e a falta de incentivo público nesse setor (apenas 15% dos gastos com educação são pagos com dinheiro público) tem sido pauta da discussão da questão educacional no país. No quesito investimento, há tanto universidades públicas como privadas que recebem recursos públicos.
Para conseguir uma educação mais qualificada, os universitários têm duas opções de créditos. Uma é a do Estado, cuja mensalidade nunca pode superar 5% do salário ganho e que perdoa a dívida daqueles que não conseguem pagá-la em 20 anos. O outro tipo é o Crédito con Aval del Estado, cobrado por bancos privados; nessa modalidade não há perdão da dívida, o valor cobrado pode ultrapassar os 5% do salário e a taxa de juros é bem mais elevada — em 2011, ela estava em 5,7% para os privados e em 2% para o estatal.
Segundo os estudantes e especialistas, esse modelo onde o Estado coloca em primeiro lugar a educação privada fracassou — e feio.
Em 2011, uma gigante onda de manifestações tomou conta do país. Os estudantes, secundaristas e universitários, pediam uma reforma educacional onde o Estado pudesse ter maior influência e prioridade. Ainda em 2014, mais uma mobilização estudantil parou o país.
E novamente, na tentativa de acabar com a herança maldita do neoliberalismo de Pinochet, universitários e secundaristas caminham para uma terceira grande onda de manifestações, greves e ocupações em escolas e universidades.
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Foto: Ivan Alvarado/Reuters
Enviada para Combate Racismo Ambiental por José Carlos.