Itamaraty exonera diplomata que enviou mensagens ao exterior com alerta sobre golpe no Brasil

Coordenador-geral de Ações Internacionais de Combate à Fome, Milton Rondó Filho havia enviado telegramas a postos fora do país sobre possível golpe

No Opera Mundi

O Ministério das Relações Exteriores exonerou de seu cargo nesta terça-feira (14/06) o diplomata Milton Rondó Filho, que em março enviou mensagens a embaixadas e representações brasileiras no exterior sobre a possibilidade de um golpe de Estado no Brasil. 

A informação sobre a exoneração de Rondó, ministro de segunda classe que atuava como coordenador-geral de Ações Internacionais de Combate à Fome da Secretaria Geral das Relações Exteriores, foi publicada no Diário Oficial da União desta terça. Ele perde o posto de coordenação, mas continua diplomata.

Há quase três meses, Rondó recebeu uma advertência do Itamaraty, ainda sob a liderança do então chanceler Mauro Vieira, e perdeu o direito de emitir documentos após ter enviado, no dia 18 de março, telegramas a postos diplomáticos do Brasil no exterior alertando para a ocorrência de um possível golpe contra a presidente brasileira, Dilma Rousseff.

Segundo matéria do jornal O Globo, na primeira mensagem enviada, o Itamaraty pedia que cada embaixada ou representação indicasse um servidor, preferencialmente um diplomata, para ser responsável por “apoiar adequadamente” o diálogo entre o Itamaraty e as sociedades civis do Brasil e de cada local.

Em seguida, outro comunicado foi enviado, desta vez com a reprodução de uma nota da Abong (Associação Brasileira de Organizações Não-Governamentais), que agrega 250 ONGs. O texto expressava “profunda preocupação” com o momento do Brasil, que segundo as entidades era de “resistência democrática”.

Outra mensagem trazia o texto “Carta aos Movimentos Sociais da América Latina”, em que organizações sindicais, sociais e populares do Brasil denunciavam um “processo reacionário (…) contra o Estado Democrático de Direito”.

De acordo com a matéria de O Globo, no mesmo dia, o secretário-geral do Itamaraty, Sérgio Danese, enviou um documento às embaixadas e representações solicitando que os comunicados anteriores fossem desconsiderados.

O Itamaraty também, afirmou, na época, que as mensagens haviam sido enviadas sem autorização superior.

Procurado para maiores esclarecimentos sobre a exoneração de Rondó, o Itamaraty até o fechamento desta matéria não respondeu às mensagens de Opera Mundi. Não foram divulgadas informações sobre o futuro de Rondó.

 

 

Deixe um comentário

O comentário deve ter seu nome e sobrenome. O e-mail é necessário, mas não será publicado.

cinco × 3 =