Por Geanini Hackbardt, Da Página do MST
Após uma tentativa de assassinato, em Campo do Meio, o MST e defensores dos Direitos Humanos, realizam na tarde desta segunda-feira (11) um ato pelo fim da violência e pela resolução do conflito no local. As terras da antiga usina Ariadnópolis, localizadas neste município, estão em disputa há mais de 20 anos.
A área encontra-se em processo de desapropriação, através de decreto feito pelo governo do Estado de Minas Gerais. Esta ação foi julgada pelo Tribunal de Justiça do estado, que considerou o processo legítimo e definiu prazo para o pagamento da terra, o que deveria garantir às famílias não correr risco de despejo.
Diante deste contexto, o que se observa no município de Campo do Meio é um acirramento da violência sobre os trabalhadores, registrados em boletins de ocorrência policial há pelo menos 8 meses. São ocorrências de ameaças de morte, barraco incendiado e disparos contra militantes do MST nos acampamentos. No último dia 06, Silvio Netto, da Direção Estadual do Movimento, foi ameaçado de morte com armas apontadas à cabeça, havendo uma tentativa de sequestro, tudo testemunhado por outras pessoas.
No dia seguinte (7), os mesmos jagunços que tentaram cometer o assassinato estavam presentes em uma audiência da Comissão de Agropecuária, Agroindústria e Segurança Pública, na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), presidida pelo Deputado Estadual Antônio Carlos Arantes.
Na ocasião eles apresentaram várias denúncias caluniosas referentes à militantes do MST, e principalmente, à realidade das famílias acampadas nesta terra. No entanto, grande parte das ocorrências registradas pelos trabalhadores acampados na antiga usina Ariadnópolis acusam estes mesmos jagunços. Para o MST, o Deputado Estadual Carlos Arantes encabeça a construção de um ataque ideológico, alimentado por denúncias e vídeos falsos.
Trata-se de uma ofensiva articulada entre a bancada ruralista de deputados estaduais, latifundiários e o agronegócio da cidade, além do poder executivo de Campo do Meio, apoiado por alguns vereadores. A violência é a resposta dos representantes deste setor retrógrado da sociedade, após inúmeras derrotas judiciais.
A não investigação e detenção destes jagunços demonstra displicência das autoridades mineiras com a iminência de uma tragédia. Também peca a Justiça de Campos Gerais ao não decidir sobre a ação de desapropriação da área da massa falida da usina (pertencente à empresa CAPIA). Somente a imissão definitiva na posse de toda a área poderá frear a violência contra os acampados.
Este conflito é um dos mais antigos da luta pela Reforma Agrária no Brasil. São mais de 500 famílias que produzem, moram, trabalham, estudam, recuperam o meio ambiente, geram recursos e empregos em Campo do Meio. Nada vai expulsar as famílias Sem Terra do território onde criaram raiz, por isso a única solução é fazer-se cumprir o decreto.
“O ato político é a resposta do MST, para mostrar o apoio da sociedade conquistado em duas décadas de luta e afirmar que os trabalhadores sem terra querem viver em paz, com dignidade sobre a terra que lhes é de direito”, afirma Márcio Santos, da coordenação nacional do MST, presente no ato.
*Editado por Rafael Soriano
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Foto: Tuíra Tule/MST