Só em Roma, a manifestação antifascista deste sábado, marcada pela ANP (Associazione Nazionale Partigiano, nascida da resistência durante a II Guerra Mundial) e apoiada por sindicatos, reuniu cem mil pessoas e dirigentes políticos na Praça do Povo.
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A poucos dias das eleições legislativas de 4 março, a Itália antifascista saiu à rua em força e em resposta, mesmo que tardia, ao crime do passado dia 3 de fevereiro, em Macerata, quando um jovem de extrema-direita disparou contra seis pessoas de origem africana.
Em Roma, a manifestação, marcada pela ANP (Associazione Nazionale Partigiano, nascida da resistência durante a II Guerra Mundial) e apoiada por sindicatos, reuniu cem mil pessoas, entre ativistas, responsáveis do atual governo, o ex-primeiro Matteo Renzi, candidatos e dirigentes políticos, do centro e da esquerda, num dia em que diferentes movimentos de extrema-direita também marcharam por todo o país.
“Fascismo nunca mais, racismo nunca mais”, gritou-se, numa manifestação sempre debaixo de chuva e no final de uma semana marcada por confrontos que opuseram ativistas de centros sociais e grupos de estudantes a membros de movimentos de extrema-direita, em diferentes cidades italianas.
A nova tempestade racista de Itália
No final da manifestação em Roma, no palco da Praça do Povo, Carla Nespolo, presidente da ANP, afirmou que “marchar contra o racismo e o fascismo é um dever para os que lutaram e para nós próprios, não temos medo do fascismo, mas da indiferença”. “Obrigada, obrigada do coração. É uma praça maravilhosa onde se sente a voz do povo. Há um perigo para a democracia e chama-se fascismo”, reiterou ainda Nespolo.
Milão, ainda uma cidade de resistência
Neste sábado, para a cidade de Milão, estava marcado um comício do movimento de extrema-direita CasaPound, uma grande concentração da Liga de Matteo Salvini e uma marcha dos Irmãos de Itália, aliados de Silvio Berlusconi e Salvini, e dirigidos por Giorgia Meloni (ex-dirigente da Aliança Nacional).
Porém, algumas centenas de ativistas e cidadãos antifascistas também sáiram à rua, demonstrando que Milão é ainda “uma cidade de resistência”. “Estamos aqui porque era necessário que Milão, cidade Medalha de Ouro da Resistência, testemunhasse a sua profunda alma antifascista”, disse Luciano Muhbauer, um dos promotores do protesto “Milão repudia o fascismo e o racismo”, citado diário La Stampa.
Para Muhbauer, o centro do problema não é a existência de um comício deste ou daquele movimento, mas “o facto de que organizações abertamente fascistas possam participar na vida democrática do país, tal como as outras forças políticas”.
Ver fotogaleria da manifestação em Milão, aqui (link is external).
Horas antes, a polícia impedira estudantes de alcançarem o local onde o CasaPound se reunia, depois de expulsar alguns jovens que escalaram um monumento a Giuseppe Garibaldi, símbolo da unificação italiana.