Instituto lança revista para romper o pensamento hegemônico e focar na ‘Potência das Periferias’

Por , no Rio On Watch

No dia 19 de maio, o Instituto Maria e João Aleixo (IMJA) lançou a Revista PERIFERIAS, uma publicação semestral sobre o poder dos territórios periféricos do mundo. Disponível online gratuitamente e em quatro idiomas (português, francês, espanhol e inglês), PERIFERIAS apresenta o trabalho de ativistas, pesquisadores e artistas das periferias do mundo com o objetivo de reunir experiências coletivas e construir “uma representação convergente e global sobre a Potência das Periferias”.

O IMJA, um centro de estudo localizado no Complexo da Maré, dedicado às periferias do mundo, apresentou a publicação na noite do sábado passado no Centro de Artes da Maré, em um evento com apresentações do grupo de samba feminino Samba Que Elas Querem e do coletivo Poetas Favelados.

Para o fundador do IMJA, Jailson de Sousa e Silva, a revista serve para “disseminar novos conceitos, metodologias, tecnologias e expressões estéticas variadas para mostrar efetivamente que a periferia precisa ser vista de maneira diferente, e não do ponto de vista da precariedade e deficiência”.

A edição inaugural da PERIFERIAS apresenta artigos acadêmicos, fotografias, poesias, depoimentos, resenhas de livros e entrevistas através do Brasil, assim como da Bélgica, Índia, Escócia e Cabo Verde. Esses trabalhos baseiam-se no que o IMJA denominou “O Paradigma da Potência”, conceito que “se opõe ao paradigma da ausência”, procurando focalizar a capacidade das periferias de “gerar respostas práticas e legítimas, as quais se configuram como formas contra hegemônicas de vida em sociedade”.

De acordo com o artigo de destaque da primeira edição da revista, O Paradigma da Potência e a Pedagogia da Convivência, a estigmatização das periferias do mundo reproduz um padrão cíclico negativo. Tratar as favelas brasileiras e as periferias globais em todo o mundo como isoladas, deficientes e destituídas resulta em profecias auto-realizáveis ​​e em um processo de degradação simbólica.

Esses padrões influenciam e justificam políticas públicas, cujos impactos, então, moldam ainda mais a opinião pública. PERIFERIAS contesta a descrição do censo de 2010 das favelas brasileiras como “subnormal”, tanto por seu foco em padrões normativos quanto “por ignorar características, em função de determinadas políticas norteadas por valores de classe, da força positiva dos territórios, não obstante sua evidente existência“.

Para Jailson, PERIFERIAS prevê novas formas de contemplar “a potência que esses territórios representam não só no Brasil, não só na América Latina, mas em todo o mundo, e afirma [a potência] cada vez mais nos termos de interesses dos seus moradores”.

Confira a primeira edição da PERIFERIAS aqui. PERIFERIAS, no momento, está aceitando submissões sobre o tema ‘Democracia e Periferia’ para sua segunda edição. Voluntários de tradução em português, inglês, espanhol ou francês podem entrar em contato através deste e-mail [email protected].

Foto: Bira Carvalho

 

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