Lideranças Indígenas debatem importância e desafios da comunicação para a gestão das Tis no Rio Negro

por FOIRN

Realizado entre 18 a 21 de julho em São Gabriel da Cachoeira, a 35º Reunião do Conselho Diretor da Foirn reuniu lideranças indígenas de todas as calhas do Rio Negro, dos municípios de Santa Isabel do Rio Negro, São Gabriel da Cachoeira e Barcelos. Os objetivos foram debater problemas e encaminhar propostas que contribuam para o bem-viver nas comunidades indígenas.

O Conselho Diretor é a segunda instância de deliberação depois da Assembleia Geral sobre as ações da Foirn e de temas de interesse dos povos indígenas do Rio Negro, acontece duas vezes por ano. Os conselheiros são indicados pelas comunidades para representar, propor e encaminhar propostas e demandas das comunidades que representa.

Como de praxe, os primeiros dois dias de reunião foram dedicados para a apresentação dos relatórios e pareceres da Comissão Fiscal, de atividades da diretoria executiva e dos departamentos de educação, mulheres e juventude da Foirn.

Cadeia de conhecimento é fundamental para nosso fortalecimento

Pautas como a Elaboração dos Planos de Gestão Territorial e Ambiental (PGTAs) das Tis no Rio Negro, o Monitoramento de Mudanças Climáticas, a Cadeia de Produtos Indígenas, a Demarcação das Terras Indígenas e a Incidência Política foram debatidos pelas lideranças indígenas. Estas consideram esses trabalhos de pesquisas e levantamentos de dados fundamentais, pois trazem informações apuradas sobre a realidade dos povos indígenas do Rio Negro e propõem atividades de interesse das comunidades.

Para Protázio, professor e liderança Tukano de Pari Cachoeira, esses trabalhos de pesquisa e levantamento realizados pelos próprios indígenas nas comunidades são importantes, pois com essas informações as lideranças lutam e reivindicam melhorias para suas comunidades junto às instituições competentes. “Essas informações geram cadeias de conhecimento importantes para a nossa luta pelos direitos e pelo bem viver das nossas comunidades”, diz.

No mercado de projetos, com a elaboração desses planos de gestão dos territórios, as comunidades indígenas esperam ter maior facilidade de acessar programas do governo e editais buscando recursos financeiros através de suas organizações.

 Comunicação é fundamental para a gestão dos territórios 

As primeiras estações de radiofonia foram implantadas ainda nos meados da década de 1990 no Rio Negro pela Foirn em locais estratégicos para o monitoramento e proteção das recentes Terras Indígenas demarcadas. Em 31 anos de existência a Foirn conseguiu através de parceiros ampliar essa rede de comunicação a todo o Rio Negro. Hoje a rede é formada por cerca de 180 estações.

Na reunião do Conselho, as lideranças debateram sobre a necessidade de melhorar o uso desses equipamentos pelas comunidades e instituições parceiras que também utilizam o canal de comunicação para realizar suas ações na região. “Para muitos, a radiofonia é um meio de comunicação defasado, mas, para nós no Rio Negro é a que ainda funciona melhor”, afirmou Marivelton Rodrigues Barroso, presidente da Foirn.

Lideranças destacaram a importância da comunicação para a gestão dos territórios e a necessidade de estruturar melhor os meios para que as informações sobre os direitos indígenas cheguem até as comunidades mais distantes.

Além da rede de radiofonia, a Foirn em parceria o Instituto Socioambiental e apoio da União Europeia desenvolve desde novembro de 2017 a formação da Rede de Comunicadores Indígenas do Rio Negro que envolve 17 jovens comunicadores de todas as regiões do Rio Negro. A Rede produz mensalmente o boletim áudio Wayuri, que é distribuído também nas comunidades e além de registrar e divulgar eventos do movimento indígena.

As lideranças concordaram em reformular os horários de uso da radiofonia pela central gerida pela Foirn como também destinar horários específicos para suas Coordenadorias Regionais e para o Distrito Sanitário Especial indígena no Rio Negro.

Foi aprovado o regimento de uso das radiofonias do Rio Negro, ver aqui

O Conselho encerrou sua reunião acordando a agenda para as assembleias regionais das cinco coordenadorias da FOIRN. Estes ocorrerão entre agosto e setembro deste ano e terão como pauta principal a revisão e validação dos PGTAs que deve puxar o debate sobre ações de fortalecimento das associações de base, desenvolvimento de produtos indígenas, comunicação e políticas públicas.

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