No Ceará, Acampamento Zé Maria do Tomé sofre ameaça de despejo

Após 5 anos de luta, as famílias estão novamente com o mandado de despejo, que está previsto para acontecer nesta quarta-feira (21)

Da Página do MST

Mais uma vez, o Acampamento Zé Maria do Tomé, localizado na Chapada do Apodi, no Município de Limoeiro do Norte do Ceará, após 5 anos de luta, está com o mandado de despejo, que está previsto para acontecer nesta quarta-feira (21).

O Perímetro Jaguaribe Apodi foi implantado no final da década de 1980, quando ocorreu a expropriação, expulsão e desmantelamento da produção de cerca de 6 mil famílias da região, que antes produziam alimentos e mantinham relações de identidade com o território.

Apenas 316 agricultores conseguiram entrar na I etapa do projeto irrigado, destes, 255 foram expulsos, ou seja, o equivalente a 81% de expropriação, segundo estudo realizado pela Universidade Estadual do Ceará/FAFIDAM. Esse processo levou a luta desses agricultores pelo acesso à terra.

Para Iris Carvalho da coordenação do MST, “a ocupação da Chapada do Apodi aconteceu com a intenção dos trabalhadores/as retomarem suas terras, de plantar, de garantir o acesso a terra, a água, por isso exigimos uma solução imediata do governo estadual e federal para resolução do despejo e desapropriação imediata”.

Carvalho lembra que “esse não é o primeiro mandado de despejo, vieram outros antes desse. Aqui as famílias vivem sob constante ameaça de despejo”.

Com o avanço do golpe parlamentar,  jurídico e midiático de 2016, que retirou a presidenta Dilma Rousseff do governo, e com eleição do neofascista Jair Bolsonaro nas recém eleições 2018, as forças reacionárias do judiciário, do agronegócio e do capital se voltam contra os trabalhadores/as para concretizar de forma mais agressiva a retirada dos seus direitos sociais.

Nos últimos meses, as famílias Sem Terra tem sofrido uma ofensiva de despejos dos acampamentos, inclusive em áreas já negociadas com o Governo do Estado e Governo Federal de serem desapropriadas para fins de Reforma Agrária, entre elas, o Acampamento 17 de Abril/Canafistula no Município de Santana do Acaraú, Acampamento Zé Wilson no Município de Lavras da Mangabeira, Acampamento Vida Nova no Município de Mauriti e Zé Maria do Tomé/Chapada do Apodi no Município de Limoeiro do Norte.

As famílias seguem em luta na construção da resistência, e a unidade da classe trabalhadora é fundamental nesse processo. Diante disso, realizam um na manhã desta quarta-feira (21), a partir das 9 horas, um Ato Político em defesa da permanência do acampamento e pela retirada da reintegração de posse.

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