Voluntários já apresentaram casos de dermatite, vômitos e náuseas

Por Lu Sudré e Rute Pina, do Saúde Popular, em Atingidos pela Vale

As pessoas que tiveram contato com a lama tóxica que invadiu a cidade de Brumadinho, Região Metropolitana de Belo Horizonte – MG, após o rompimento da barragem da mineradora Vale, na tarde de 25 de janeiro, começaram a apresentar sintomas de intoxicação. A tragédia espalhou cerca de 12 milhões de metros cúbicos de rejeitos pela cidade.

O marido de Valéria Brumas, agricultora no Assentamento Pastorinhas, teve contato com a lama no dia que a barragem rompeu, ao auxiliar como voluntário no resgate de vítimas e pessoas desaparecidas. Na segunda-feira (28), ele amanheceu com erupções pelo corpo e procurou a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do município.

O hemograma indicou que os níveis de plaquetas e leucócitos em seu sangue estavam baixos. Dois dias depois, na quarta-feira (30), ele retornou ao atendimento e estes níveis estavam ainda mais baixos, conta Valéria.

Toxicidade

A Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) informou que, até o momento, recebeu a notificação de quatro casos de doença diarreica na região. Os casos, segundo a secretaria, não evoluíram para formas mais graves da doença.

A SES-MG encomendou um outro estudo, para avaliar a toxicidade e analisar as possíveis consequências para a saúde da população provocadas pelo contato com os rejeitos. Uma análise laboratorial do material também estaria sendo realizada pela mineradora Vale.

A Secretaria orienta que a população da cidade evite o contato com a lama de rejeitos e com as partes atingidas do rio Paraopeba. A orientação é válida desde a confluência do Paraopeba com o Córrego Ferro-Carvão até Pará de Minas, aponta a pasta.

Os bombeiros que trabalham na região receberam uma dose de antibiótico, como medida preventiva à leptospirose. A medida é padrão neste tipos de resgate.

Mariana

Após a tragédia de Mariana (MG), diversos institutos e movimentos passaram a acompanhar a saúde da população da Bacia do rio Doce.

Dois anos depois do rompimento da barragem, exames de sangue e urina realizados por 11 pessoas do município de Barra Longa indicaram alto nível de níquel — substância que é capaz de causar doenças de pele, queda de cabelo e outras ainda desconhecidas. Três delas apresentaram também arsênio no corpo além do limite aceitável.

Foto: Fernanda Brescia

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