Migração e refúgio: MPF pede informações sobre a Operação Acolhida do governo federal

Ministério da Defesa estaria planejando encerrar, em 2021, atividades da operação que atende venezuelanos que buscam refúgio no Brasil

Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão (PFDC)

O Ministério Público Federal (MPF) solicitou, nesta quarta-feira (16), informações referentes à Operação Acolhida, coordenada pelo governo federal, com o intuito de acompanhar ações voltadas à promoção e defesa dos direitos humanos de migrantes e refugiados. Em ofício, o procurador federal dos Direitos do Cidadão, Carlos Alberto Vilhena, questiona ao coordenador da operação aspectos ligados à redução do orçamento destinado às ações da força-tarefa que oferece assistência emergencial aos refugiados e migrantes venezuelanos que entram no Brasil pelo estado de Roraima, bem como o possível encerramento de atividades. O prazo dado para resposta do coordenador é de dez dias.

O pedido resulta de informações obtidas pelo MPF, segundo as quais, o Ministério da Defesa teria decidido que, em 2021, a Operação Acolhida utilizaria apenas 25% do orçamento atual e que seria encerrada no fim do exercício. As atividades de assistência seriam transferidas aos governos locais, à sociedade civil e às agências internacionais.

Nesse contexto, Vilhena questiona a previsão orçamentária mensal à Operação Acolhida até o fim deste ano e para 2021. Além disso, pergunta quais as medidas de transição serão adotadas caso haja o encerramento da Operação Acolhida e quais os atores envolvidos nessa transição. O procurador federal dos Direitos do Cidadão alerta sobre a necessidade de manutenção de políticas públicas de acolhimento a refugiados em decorrência da continuidade e da intensificação do fluxo migratório de Venezuela – “país em situação grave e generalizada violação de direitos humanos reconhecida pelo Comitê Nacional para Refugiados (Conare)”, ampliada pela crise fiscal e econômica ocasionada pela pandemia da covid-19.

Atribuições – Vilhena lembra que é o Poder Executivo “quem detém a competência, as ferramentas e o instrumental técnico para definição das políticas públicas”. Afirma ainda que “o encerramento de uma política de acolhida à população migrante pressupõe o início de outra apta a substituir de maneira satisfatória e a aprimorar a anterior”.

Ao final, indaga sobre quais medidas a União pretende adotar para seguir cumprindo “a sua obrigação de desenvolver políticas públicas de acolhimento à população migrante e refugiada da Venezuela, em cooperação com os Estados e Municípios, entidades da sociedade civil, iniciativa privada, organismos internacionais e demais atores”.

As informações deverão subsidiar as atividades do grupo de trabalho Migração e Refúgio, da Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão, criado por meio da Portaria nº 8/2020/PFDC/MPF, de 13 de agosto.

Operação Acolhida – Segundo informações disponíveis no site do governo federal, a operação é uma força-tarefa humanitária executada e coordenada pelo governo federal com o apoio de agências da ONU e de mais de 100 entidades da sociedade civil. Desde o início da crise migratória, estima-se que mais de 264 mil venezuelanos entraram e permaneceram no Brasil. A Operação Acolhida está organizada em três eixos: ordenamento da fronteira, acolhimento; e interiorização.

Arte: Ascom/PFDC

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