Diante do quadro da desigualdade social crescente durante a pandemia da Covid-19, o DGM Brasil criou a Rede Solidariedade como alternativa de apoio às comunidades de seus subprojetos em diferentes regiões brasileiras.
Por DGM/Brasil
No decorrer deste ano, o cenário mundial se viu diante da urgência em aderir ao isolamento social e a outras ações preventivas para conter a contaminação coletiva da Covid- 19. Os impactos socioeconômicos gerados no decorrer dessa nova dinâmica foram sentidos em diversas regiões brasileiras, sobretudo, nas comunidades tradicionais. A partir desse contexto, desde o início da pandemia o CAA-NM/DGM Brasil se dedicou a buscar soluções para apoiar as comunidades contempladas pelos seus 64 subprojetos, em áreas indígenas, quilombolas e comunidades tradicionais, nos 10 estados brasileiros e em 85 municípios. Para minimizar os problemas sociais dessa conjuntura, a Rede Solidariedade foi criada como resposta pelo DGM Brasil.
A comunidade quilombola Lagoa Grande, localizada em Jenipapo de Minas, responsável pela execução do projeto “Cerrado: fonte de vida das nascentes do território quilombola Lagoa Grande” adquiriu através de compra coletiva 40 cestas básicas no valor de trezentos reais (R$ 300,00). “A cesta nos ajudou muito, ainda mais nessa pandemia que não podemos sair para comprar as coisas e o preço dos produtos é muito alto”, afirmou a quilombola Elisângela. Ela ressaltou a dificuldade do momento por ter dois filhos, e, assim como outras mulheres da comunidade e do Vale do Jequitinhonha, ter que enfrentar essa circunstância sozinha. Até o momento, 2034 famílias foram beneficiadas, sendo 36 organizações e investidos mais de R$ 479.298 reais para o desenvolvimento das ações da Rede Solidariedade no território brasileiro.
De acordo com Ricardo Gavião, tesoureiro da Associação Indígena da Aldeia Nova (MA), localizada próxima a Amarante do Maranhão, a ação é de extrema importância para a comunidade nesse período de pandemia. Em sua aldeia é realizado o subprojeto “Resgate do Amjoquin do Mecyre e Me entowaje”, que busca valorizar e preservar a cultura da etnia. “Nós não temos mais peixes em nosso território, por isso que a oportunidade de fazer essa compra coletiva de peixes é importante”, afirmou Ricardo. A ação pode oferecer à comunidade o apoio emergencial e a retomada do consumo de peixes, uma tradição culinária ancestral, através da compra de 1292 kg de peixes e outros alimentos para 107 famílias da aldeia.
“A Rede Solidariedade foi muito importante para nós, povos tradicionais, porque a ajuda chegou na base”, afirmou a quilombola Lucely Moraes Pio, coordenadora do comitê gestor do DGM Brasil. Segundo ela, essa ação possibilitou fortalecer todas as famílias ligadas aos subprojetos e as redes, comprar os equipamentos de proteção individual, ajudar na alimentação de algumas comunidades, o que revela mais uma vez o legado e importância do projeto DGM Brasil para os povos do cerrado.
Sobre o DGM – Brasil
O DGM- Brasil integra o Programa DGM Global, fundo de apoio aos povos indígenas, comunidades quilombolas e comunidades tradicionais do cerrado brasileiro. Desde a sua criação, o DGM/Brasil propõe, no decorrer de cinco anos, apoiar projetos que evitem o desmatamento e degradação do cerrado, provendo a proteção e conservação dos recursos naturais. No Brasil, desde 2016 o Centro de Agricultura Alternativa do Norte de Minas é o órgão executor do projeto DGM/FIP/Brasil, através do apoio do Banco Mundial.
—
Imagem: Distribuição da compra coletiva de álcool em gel, sabão e sabonete na Aldeia Halataikwa da comunidade indígena Enawene (MT), arquivo DGM Brasil, 2020.