Por: Monica Xavier, na ANF
A Rede Nacional de Religiões Afro-Brasileiras e Saúde e o Ilê Omolu Oxum lançou no dia 11 de fevereiro, uma pesquisa que irá mapear o racismo religioso no Brasil, a partir dos 53 Núcleos Regionais da rede, situados em todo o território nacional.
A ideia é organizar um verdadeiro raio-x sobre a violência contra os povos de religiões de matriz africana, a partir de um formulário dirigido às lideranças religiosas. Além do objetivo principal focado no crescente número de casos de intolerância religiosa, será possível também traçar um perfil dos terreiros, suas tradições e relações com a comunidade com esta pesquisa inédita, que só é possível graças ao apoio da organização internacional Raça & Igualdade.
De acordo com a Coordenadora Nacional da Renafro e idealizadora do projeto “Respeite o meu terreiro”, Mãe Nilce de Iansã, é preciso revelar onde e de que formas o racismo religioso se manifesta e fomentar ações protetivas de combate à escalada da violência, contra as religiões de matriz africana.
Durante os próximos três meses, as informações coletadas com a pesquisa serão compiladas e analisadas pelo projeto “Respeite o meu terreiro” e o seu resultado será entregue ao Ministério Público Federal, Comissão de Direitos Humanos (Senado Federal), Comissão de Direitos Humanos e Minorias (Câmara dos Deputados), Comissão Nacional de Direitos Humanos (OAB), Conselho de Direitos Humanos (ONU), Comissão Interamericana de Direitos Humanos (ONU) e Comissão Interamericana de Direitos Humanos (OEA).
O projeto “Respeite o meu terreiro” prevê ainda neste semestre, a realização de capacitação para líderes religiosos sobre direitos dos povos de terreiro, e também para os profissionais da área jurídica, em parceria com o Idafro – Instituto de Defesa dos Direitos das Religiões Afro-Brasileiras. O formulário da pesquisa leva em média cinco minutos para ser respondido e estará disponível nas redes sociais da Renafro e Ilê Omolu Oxum, até o dia 30 de maio.
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As formas de segregação são muitas vezes sutis e quase imperceptíveis aos que não sofrem a violência do racismo, preconceito e intolerância religiosa.
Elas perpassam esferas políticas e sociais.
Muitos dos que tem ocupado tais cargos, em especial dentro da Educação pública são responsáveis por legitimar essa violência e o pior, ensinar as crianças a praticarem ela.
Sou professora de Ensino Religioso e História. Sei como dão prioridade aos professores das “suas religiões” para irem pra sala de aula ou atuarem nos cargos de confiança em posições elevadas na Educação.
Sinto tristeza e revolta. Pelas crianças que estão sendo privadas de serem adultos sadios culturalmente, revolta pelas injustiças praticadas e impunes. Pelo Artigo 5° da Constituição Federal não ser respeitado, pela saudade que sinto das crianças que também gostavam muito das minhas aulas.
Que as minhas lágrimas sejam ofertas no altar.