Instituições realizaram seminários virtuais, promoveram reexibição de documentário e disponibilizaram registros históricos
O procurador da República Pedro Jorge de Melo e Silva foi assassinado, há 40 anos, por denunciar um esquema de corrupção que ficou conhecido como “Escândalo da Mandioca”. Para que a história dele seja sempre lembrada como um exemplo de ética, honestidade e responsabilidade, o Ministério Público Federal (MPF) na 5ª Região e a Universidade Católica de Pernambuco (Unicap) promoveram, entre a segunda-feira (21) e a quarta-feira (23), o evento “Vida por Justiça: 40 anos sem Pedro Jorge”. Foram realizados seminários virtuais, debates, reflexões, reexibição de filme e disponibilizados registros históricos sobre o caso para o público na internet.
Na noite da segunda-feira (21), o Teatro do Parque, no Recife, foi palco da reexibição do documentário “Pedro Jorge: uma vida pela justiça”, produzido pelo MPF na 5ª Região e pela Unicap, em 2017. O espaço para a sessão especial do filme foi gentilmente cedido pela direção do teatro, sem custo para as instituições, por meio da Secretaria de Cultura da Cidade do Recife. O público assistiu ao filme gratuitamente.
Na abertura do evento, o procurador-chefe da Procuradoria Regional da República na 5 Região (PRR5), Rafael Ribeiro Nogueira Filho, destacou o legado deixado por Pedro Jorge. “Os criminosos envolvidos no esquema da mandioca não plantaram absolutamente nada do que disseram que iam plantar e se beneficiaram às custas do dinheiro público. Pedro Jorge, não. Pedro Jorge plantou a semente do Ministério Público independente, forte e altivo, que não se curva diante de pressões externas e ameaças”, frisou.
O pró-reitor Comunitário e de Extensão da Unicap, padre Delmar Cardoso, ressaltou que Pedro Jorge lutou por um Brasil melhor. “Ainda bem que há gente jovem aqui. É importante que a juventude cresça e perceba que a luta como a de Pedro Jorge não pode parar”, ressaltou.
Ainda na ocasião, o procurador-chefe da Procuradoria da República em Pernambuco (PRPE), Alfredo Carlos Gonzaga Falcão Júnior, comentou que haverá a inauguração, na próxima segunda-feira (28), de um monumento em homenagem a Pedro Jorge. A solenidade, organizada pela PRPE e pela Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR), acontecerá às 13h30, na Praça Elinaldo Nem, no bairro do Espinheiro, no Recife. Haverá transmissão ao vivo pelo canal da ANPR no youtube.
Acesse o documentário “Pedro Jorge: uma vida pela justiça” na íntegra no hotsite https://docpedrojorge.mpf.mp.br/
Seminários
Durante três dias consecutivos, foram realizados seminários virtuais sobre temas como luta por direitos humanos, combate à corrupção na atualidade e o legado deixado por Pedro Jorge e a importância do Ministério Público para a sociedade.
Participaram como palestrantes Aristides Junqueira, ex-procurador-geral da República que atuou no processo contra os assassinos de Pedro Jorge; Roberta Viegas, filha de Pedro Jorge; professor Manoel Moraes, da Cátedra de Direitos Humanos Unesco/Unicap Dom Hélder Câmara; Letícia Lins, jornalista que cobriu o Escândalo da Mandioca e o assassinato de Pedro Jorge; Frei Marcelo Barros, monge beneditino que foi colega de seminário de Pedro Jorge; Tiago Misael Martins, procurador da República e secretário adjunto da Secretaria de Perícia, Pesquisa e Análise (Sppea) da Procuradoria Geral da República; e José Durval de Lemos Lins Filho, professor de Direito da Unicap e membro do Instituto Brasileiro de Ciências Criminais.
Todo o conteúdo dos seminários pode ser conferido no YouTube da Unicap (/unicapvideo) e, em breve, também estará disponível no hotsite do documentário, na aba “40 anos” (https://docpedrojorge.mpf.mp.br/40-anos).
Acesse aqui o conteúdo completo do primeiro dia do seminário
Acesse aqui o conteúdo completo do segundo dia do seminário
Acesse aqui o conteúdo completo do terceiro dia do seminário
Conteúdos extras
Durante o evento, começaram a ser lançados conteúdos extras no hotsite do documentário “Pedro Jorge: uma vida pela justiça”. Dentre eles, trechos inéditos de entrevistas gravadas para o média-metragem que não foram aproveitados no roteiro do filme, matérias jornalísticas que tratam do “Escândalo da Mandioca”, imagens de documentos pessoais do procurador Pedro Jorge, homenagens e correspondências endereçadas a ele e íntegras das denúncias referentes ao caso.
Clique aqui para conhecer os conteúdos extras sobre Pedro Jorge
O caso
Pedro Jorge de Melo e Silva foi assassinado a tiros quando saía de uma padaria no bairro de Jardim Atlântico, em Olinda. O crime ocorreu após o procurador da República denunciar políticos e autoridades envolvidos em um dos maiores esquemas de desvio de recursos públicos para financiamento agrícola em Pernambuco, em valores atuais, de quase R$ 34 milhões.
Os empréstimos foram concedidos pela agência do Banco do Brasil no município de Floresta, no Sertão pernambucano, entre 1979 e 1981. Além de não plantar, os beneficiados pelo esquema forjavam que as safras tinham sido perdidas e recebiam os valores do seguro. Mesmo sofrendo ameaças de envolvidos na fraude, Pedro Jorge denunciou o crime. Ele também foi pressionado a abandonar o trabalho, tendo sido, inclusive, afastado do cargo de procurador-chefe e do processo por decisão superior, o que, naquela época, era permitido na instituição.
O assassinato chocou o país e contribuiu para que fosse iniciado um amplo debate sobre a importância do Ministério Público para a sociedade e sobre as garantias necessárias para que os membros da instituição pudessem desenvolver um trabalho livre de pressões. Anos depois, com a Constituição Federal de 1988, foi estabelecida a garantia de independência funcional e a inamovibilidade aos membros do Ministério Público.
Assessoria de Comunicação Social
Ministério Público Federal
