Alta dos combustíveis: Bolsonaro troca (de novo) o comando da Petrobras

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A Petrobras reajusta os preços da gasolina e do diesel, o presidente Bolsonaro fica bravo e demite o chefe da estatal. Parece déjà vu, né? Pois bem, pela 2ª vez em pouco mais de um ano, o Palácio do Planalto trocou o presidente da Petrobras depois de uma nova alta nos preços do combustível. Desta vez, quem rodou foi o general Joaquim Silva e Luna, dando lugar ao executivo Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE).

A bronca de Bolsonaro é a mesma que o levou a demitir o então presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, em fevereiro do ano passado. Temeroso quanto aos efeitos da carestia em sua popularidade (e suas chances de reeleição), o presidente optou por atropelar a estrutura de governança da estatal e trocar o comando da empresa. No entanto, tal como na troca passada, a mudança de agora pode se resumir a muito barulho e pouca alteração efetiva: o novo chefe da Petrobras é defensor da política de paridade dos preços domésticos com os externos, um dos fatores mais importantes no aumento recente do preço dos combustíveis no Brasil.

Estadão trouxe trechos de uma entrevista com Pires feita na semana passada, antes de ser indicado para a presidência da Petrobras. Nela, o executivo foi taxativo ao apontar que achava difícil “encontrar alguém que vá para a Petrobras para segurar preço”. Por outro lado, a Folha mostrou como Pires moldou seu discurso nos últimos meses, sinalizando caminhos potenciais para aliviar o impacto da volatilidade do preço internacional do petróleo no mercado doméstico. Entre eles, a criação de um fundo de estabilização para subsidiar o combustível em situações de alta excessiva, uma proposta que o governo vem tentando discutir em Brasília nas últimas semanas, a despeito da resistência do ministro Paulo Guedes.

Outra proposta que tem a simpatia do novo presidente da Petrobras é uma eventual privatização da estatal. No UOL, Tales Faria informou que o Palácio do Planalto chegou a prometer a Pires avançar com a venda da empresa caso Bolsonaro seja reeleito neste ano. Essa é uma proposta polêmica: por um lado, a equipe econômica de Guedes é claramente favorável à privatização; por outro, os principais aliados políticos do governo no Congresso são reticentes a essa possibilidade, o que diminui as chances de uma eventual venda ser aprovada no Legislativo. O próprio Bolsonaro resiste em fazer uma defesa pública aberta da privatização da Petrobras antes das eleições, temendo os efeitos disso sobre sua popularidade.

Enquanto Pires prepara o terno para a posse, o demitido Silva e Luna alertou nesta 3ª feira (29/3) que a Petrobras não tem atribuição legal para fazer política pública com os preços dos combustíveis e “menos ainda” para transformá-los em política partidária. “Não há lugar para aventureiro dentro da empresa hoje. A não ser que mude a legislação”, disse o general, citado por O Globo.

O antecessor de Silva e Luna, Castello Branco, aproveitou sua participação no programa Roda Viva (TV Cultura) na 2ª feira passada (28/3) para defender a política de paridade de preços da Petrobras e comentar sobre sua experiência no comando da empresa. “Todas as tentativas de fugir da regra dos preços de mercado resultaram em desastre. As perdas de 2011 a 2014 se refletiram em termos de arrecadação; a Petrobras teve de reduzir ao mínimo os seus investimentos em campos de petróleo”, justificou. Aos jornalistas, o economista também afirmou que chegou a ignorar mensagens do próprio Bolsonaro sobre o motivo do aumento dos preços dos combustíveis. A Folha destacou os comentários de Castello Branco.

BBC BrasilO Globo e Valor também repercutiram a mudança no comando da Petrobras e a expectativa do mercado pela permanência da política de paridade de preços sob Adriano Pires.

Foto: Petrobras

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