Não durou nem duas semanas o grupo de trabalho criado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) para acompanhar as investigações das mortes de Bruno Pereira e Dom Phillips no Vale do Javari, na Amazônia. O grupo tinha sido criado a pedido do procurador-geral Augusto Aras e seria composto pelo promotor de justiça Sérgio Henrique Furtado Coelho, o procurador Júlio José Araújo Jr., o promotor André Paulo dos Santos Pereira e o juiz Luciano Nunes Maia Freire.
De acordo com a PGR, a decisão se deve a um entendimento do Ministério Público Federal de que as investigações sobre o caso estão correndo de maneira adequada, o que esvaziaria a necessidade de um acompanhamento externo. A ideia agora é aguardar o encerramento do inquérito da Polícia Federal e da Polícia Civil do Amazonas e, depois, revisar os indícios e conclusões dos investigadores. Poder360 e UOL, entre outros, repercutiram a decisão de Aras.
Sobre as investigações, o g1 destacou o trabalho conduzido pela Polícia Civil amazonense até o começo desta semana. Foram ouvidas 20 pessoas, sendo 17 testemunhas e três suspeitos já detidos – Amarildo da Costa de Oliveira (“Pelado”), Oseney Oliveira (“Dos Santos”) e Jeferson da Silva Lima (“Pelado da Dinha”). Outros cinco suspeitos estão sendo investigados por conexão com o crime. Além disso, a Polícia Federal voltou atrás e retomou a hipótese de que os assassinatos de Bruno e Dom tenham sido encomendados por um mandante. Rubens Valente e José Medeiros informaram na Agência Pública que os investigadores não descartam nenhuma linha de inquérito e que eles aguardam a conclusão da perícia para entender como as vítimas foram assassinadas.
A União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (UNIVAJA) vem mantendo diálogo com parlamentares e representantes do Poder Judiciário em Brasília para garantir mais proteção às Comunidades Indígenas no oeste do Amazonas. O grande temor é de que grupos criminosos com conexões com os detidos busquem retaliar aldeias e vilas ribeirinhas. Laura Scofield destacou na Agência Pública que os representantes da UNIVAJA não conseguiram conversar com ninguém do governo federal. Apesar disso, ontem (28), um grupo de parlamentares, da Câmara e do Senado, anunciaram que irão a Atalaia do Norte nesta quinta (30), onde estariam agendados encontros com lideranças indígenas da UNIVAJA, COIAB (Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira) e OPI (Observatório dos Direitos Humanos dos Povos Indígenas Isolados e de Recente Contato), entre outras organizações. O grupo também deverá passar também por Tabatinga para ouvir os órgãos responsáveis pela investigação do desaparecimento e o assassinato de Bruno e Dom. A notícia é do Poder 360.
Em tempo: Bruno e Dom foram homenageados no último final de semana na abertura do Festival de Parintins. Os bois Caprichoso e Garantido lembraram a luta deles em defesa da Amazônia e dos Povos Indígenas que nela vivem, além de outros ativistas e defensores da floresta que foram assassinados, como Chico Mendes e Dorothy Stang. g1 e O Globo repercutiram a homenagem.