Amazônia tem novo recorde diário de queimadas, superando o “dia do fogo”

Sistema do INPE registrou 3.358 focos de incêndio nesta segunda (22), o maior no mês de agosto desde 2017

Redação Brasil de Fato

A Amazônia registrou, nesta segunda-feira (22), um novo recorde de queimadas, com 3.358 focos de incêndio. Dados do sistema Deter do Instituto de Pesquisas Espaciais (INPE) apontam que o desflorestamento foi o maior no mês de agosto desde 2017.

O número supera aquele que ficou conhecido como “dia do fogo”, em 10 de agosto de 2019. Na ocasião, produtores rurais combinaram para o mesmo período queima de pasto e de áreas em processo de desmatamento.

O registro também é maior do que o acumulado nos 30 dias de junho, com 2.562 focos captados. Conforme o Deter, as médias diárias de incêndios na floresta são altas nos últimos sete dias e são maiores que o registrado no mesmo período em 2021.

Foram contabilizados 13.174 focos de incêndio em uma semana, resultando em média diária de 1.882. Até então, as piores médias diárias divulgadas pelo Deter no governo de Bolsonaro foram em agosto de 2019, com 966 focos por dia; e setembro de 2020, com 1.067 focos por dia.

Ação humana

Em entrevista ao Brasil de Fato à época do dia do fogo em 2019, Wagner Costa Ribeiro, professor e pesquisador na área de Geografia na Universidade de São Paulo, afirmou que as queimadas na Amazônia não são naturais e tratam-se de uma questão política.

Ele elencou uma série de ações, que associadas ao discurso do presidente Jair Bolsonaro, contribuíram para o cenário visto atualmente. Entre elas, o desmonte de instrumentos de fiscalização e a desqualificação de dados sobre desmatamento divulgados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

“Não teve nada de natural nesses incêndios. Ainda que tivesse surgido um foco, não seria da dimensão que acabou ocorrendo. Isso mostra que, de certa maneira, parte da população, especialmente as camadas mais abastadas que têm na terra fonte de riqueza, acabou sendo estimulada a atear fogo na floresta, e as consequências a gente está verificando agora”, explicou.

Edição: Rodrigo Durão Coelho

Imagem: Foco de incêndio na Floresta Amazônia em São Félix do Xingu, no Pará, registrado pelo Greenpeace. Imagem: Daniel Beltrá/Greenpeace

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