Guardiãs e guardiões de sementes crioulas participam de Encontro Semeando, entre os dias 20 e 22 de outubro, em Rio Pardo de Minas.
Por Sarah Gonçalves, comunicadora popular da Articulação Semiárido de Minas Gerais (ASA Minas) e da Articulação Mineira de Agroecologia (AMA), na ASA
Entre os dias 20 e 22 de outubro, guardiãs e guardiões da Rede de Guardiões e Guardiãs das Sementes da Gente e lideranças de comunidades tradicionais participaram do Encontro Semeando em Rio Pardo de Minas. Realizado pela Cáritas Brasileira Regional Minas Gerais, o encontro nasce com o objetivo de fortalecer a Rede de Guardiões e Guardiãs de Sementes do Semiárido de Minas Gerais acolhendo também o território do Rio Doce.
No decorrer de um ano, a ação prevê a compra e distribuição de sementes, publicação informativa sobre a semente como moeda social, oficinas sobre produção e melhoramento de sementes, levantamento das sementes crioulas nos territórios, realizados pelos próprios guardiões e guardiãs que gerará um catálogo com registros populares sobre sementes e um encontro do semiárido mineiro.
De acordo com Anna Crystina Alvarenga, assessora da área de Segurança Alimentar da Cáritas Brasileira Regional Minas Gerais, a construção dessa articulação cumpre o papel político de consolidar o entendimento coletivo sobre os direitos das guardiãs e dos guardiões de garantir o patrimônio genético das sementes crioulas que gera vida, que gera fartura, que gera segurança alimentar.
O primeiro dia do encontro foi aberto por uma mística ressaltando a importância da organização da guardiã e do guardião em Rede. O espaço foi marcado pelas partilhas de experiências que, durante as diversas atividades propostas, puderam falar sobre o papel e as tarefas que envolvem esse trabalho. José Nelson Pereira, membro da coordenação executiva da ASA/MG, pontuou a importância da construção do encontro devido a possibilidade de diálogo e articulação política das comunidades que vivem no semiárido mineiro em prol da luta para salvaguardar as sementes crioulas.
No período da tarde, o tema “rede de sementes” conduziu o diálogo entre os participantes do encontro. O momento foi marcado pela troca de experiências, e de sementes, onde cada território ofereceu ao outro um embornal contendo um grande diversidade e sementes que foi precedido da assinatura do termo de compromisso em distribuir e multiplicar as sementes recebidas. No total foram distribuídas cerca de 300 kg de sementes crioulas. Para Almir Ferreira, geraizeiro e guardião de semente, o encontro permitiu conhecer e receber diversas sementes crioulas, além de ampliar a visão política sobre a importância política do cultivo de sementes crioulas no contexto de soberania alimentar.
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Foto: Tania Pacheco