No fim do governo de Bolsonaro, Eletrobras aumenta administradores até 3500%

No abril/abril

A Eletrobras, cuja privatização foi concluída em Julho, atribuiu um aumento chorudo aos administradores, apesar de o Tribunal de Contas da União ter determinado a suspensão da assembleia de accionistas.

A Eletrobras concedeu aumentos até 3500% à sua administração. O governo brasileiro controlava a empresa estatal até Julho deste ano, quando a empresa foi capitalizada e privatizada.

Segundo revelou o Brasil de Fato, a decisão foi tomada numa assembleia de accionistas, na passada quinta-feira, na qual foi dada autorização para que o salário do presidente da Eletrobras, cargo ocupado actualmente por Wilson Ferreira Júnior, passe de 52,3 mil reais (9500 euros) para 300 mil (54 500 euros) por mês – um aumento superior a 470%. Já o salário mais alto pago a um conselheiro de administração passa de 5400 reais (981 euros) para 200 mil reais (36 300 euros) – um aumento de mais de 3500%.

Uma decisão do Tribunal de Contas da União, revela a fonte, determinou a suspensão da assembleia, aludindo ao pedido do «governo de transição» e ao risco de ela «gerar grave lesão ao interesse público».

No entanto, a reunião teve lugar e os aumentos aos administradores, que serão aplicados retroactivamente a partir de Abril de 2022, foram avante. Só para remunerar administradores, a Eletrobras prevê gastar quase 36 milhões de reais no ano.

Mais uma venda da Petrobras

Já a Petrobras concluiu, também na quinta-feira, a venda da totalidade da sua participação no campo de produção de Papa-Terra, localizado na Bacia de Campos, para a empresa 3R Petroleum Offshore, a cujo conselho de administração preside Roberto Castello Branco, ex-presidente da Petrobras.

A Federação Única dos Petroleiros (FUP) entende que existe um claro conflito de interesses e um favorecimento à 3R desde que Castello Branco foi contratado pela empresa, em Abril deste ano.

Deyvid Bacelar, coordenador-geral da FUP, recordou que as negociações entre a Petrobras e a 3R Petroleum movimentaram cerca de cerca de 15 mil milhões de reais durante os dois primeiros anos do governo de Bolsonaro, quando Castello Branco estava à frente da empresa estatal.

«A 3R comprou uma série de polos de campos maduros de petróleo da Petrobras a preço de banana. Foram preços abaixo do valor de mercado, conforme avaliações feitas não somente pela própria companhia como também por especialistas na área», afirma Bacelar, numa nota divulgada pela FUP.

Trabalhadores do setor elétrico protestam contra venda de distribuidoras de energia pela Eletrobras, em frente ao Palácio do Planalto, Foto: Marcelo Camargo /Agência Brasil

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