Alerj recebe família do catador morto após PM “confundir” pedaço de madeira com fuzil no Rio

Familiares afirmaram na reunião que o governo do estado do Rio não prestou assistência qualquer assistência

Redação Brasil de Fato

Na última quinta-feira (12), a família do catador de recicláveis Diérson Gomes da Silva, assassinado durante operação policial na favela da Cidade de Deus, zona Oeste do Rio de Janeiro, foi recebida pela Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), em conjunto com a Defensoria Pública e a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).

A polícia militar admitiu que matou o catador ao ter “confundido” um pedaço de madeira pendurado em uma bandoleira com um fuzil. Ele foi atingido no quintal de casa na última semana. Uma semana após o caso, a sobrinha de Diérson, Jurema de Souza, afirmou que o governo do Estado não prestou assistência à família.

“Há um sentimento de revolta. O meu tio não é o primeiro homem negro favelado a ser morto dessa forma. Ele foi alvejado por tiros, por balas que nós compramos porque pagamos os nossos impostos e vivemos corretamente. Ele foi alvejado com aquilo que a gente comprou para fazer a nossa defesa”, disse Jurema. “Nós ainda não fomos procurados pelo estado”, acrescentou.

A Comissão da Alerj também ouviu a irmã do catador. Denise Monteiro contou que a família tem recebido a solidariedade da comunidade. “Onde a gente passa, as pessoas só pelo olhar transmitem um abraço. Elas não falam, mas expressam com o olhar o desejo de força. Se tiver nova operação, a gente vai ficar com medo porque pode acontecer de atirarem em alguém como fizeram com o meu irmão”, lamentou.

A deputada que preside a Comissão de Direitos Humanos, Dani Monteiro (Psol), afirmou que o grupo vai acompanhar o caso e acionar medidas judiciais cabíveis junto aos órgãos responsáveis. De acordo com a parlamentar, as denúncias relacionadas à letalidade policial correspondem a cerca de 25% do total de casos que a comissão recebeu em 2022.

“O governador precisa cumprir a lei que rege as operações policiais para resguardar tanto a vida dos agentes, mas especialmente dos moradores dessa comunidade. Não havia ambulância no local, não foi prestado o devido socorro e até hoje o governador retarda a instalação das câmeras nos uniformes dos policiais, o que poderia solucionar rapidamente casos como este”, criticou Dani Monteiro.

A assessoria de imprensa da Secretaria de Estado de Polícia Militar informou que os policiais envolvidos na operação foram identificados e as armas apresentadas à perícia. Já a Polícia Civil não respondeu sobre o andamento da investigação.

Edição: Clívia Mesquita

Imagem: Família afirmou à Comissão de Direitos Humanos da Alerj que não recebeu assistência do governo do Estado – Thiago Lontra/Alerj

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