Indígenas argentinos alertam Brasil sobre impactos do fracking

ClimaInfo

A exploração de combustíveis fósseis na região de Vaca Muerta, na Argentina, é um problema para as comunidades indígenas Mapuche, que convivem há anos com os efeitos da técnica do fracking em seus territórios. Em alguns casos, aldeias tiveram que ser abandonadas em virtude dos impactos ambientais do empreendimento.

Por essa razão, um grupo de Mapuche participou na semana passada do evento Boas Energias Maranhão, realizado na capital maranhense entre os dias 21 e 22 de abril, para alertar os povos indígenas e comunidades tradicionais do Brasil sobre os riscos do fracking. Mesmo com proibições recentes em vários países e inclusive em estados brasileiros, como o Paraná, existe um forte lobby empresarial para que projetos de combustíveis fósseis baseados nesta técnica sejam aprovados no país.

“Não é possível ignorar que as empresas que o praticam estão proibidas por lei de realizar fracking nos territórios de seus próprios países”, assinalou Fernando Eliseo Barraza, indígena Mapuche, lembrando que países como Alemanha, França e Reino Unido vetaram essa técnica.

Para Barraza, o desenvolvimento do fracking em Vaca Muerta, especialmente pelo desinteresse das empresas envolvidas e do governo argentino em dialogar com as comunidades e minimizar os danos ambientais, é um exemplo de racismo ambiental.

“Nenhuma empresa operadora na formação se comprometeu, desde o início da atividade, a remediar ambientalmente os territórios devastados”, disse o representante Mapuche. “O Brasil não deve permitir esta atividade na região do Maranhão, nem em nenhuma outra da República Federativa do Brasil, porque não há boa vontade política que possa controlar uma atividade tão voraz e destrutiva”.

ClimatempoJMTV (TV Mirante, afiliada da TV Globo no Maranhão), Neomondo e O Cubo repercutiram os alertas.

Em tempo: A Câmara dos Deputados deve apreciar um requerimento de urgência para o projeto de lei (PL) 576/2021, que regulamenta a geração eólica offshore no Brasil. Empresas do setor energético, inclusive grandes petroleiras, estão pressionando o Legislativo para acelerar a tramitação da proposta. No UOL, Mariana Londres abordou essa articulação e lembrou que não existe demanda imediata para essa energia, mas sim uma expectativa de que ela exista no longo prazo, especialmente por conta da produção de hidrogênio verde. No entanto, a pressão pela regulamentação da geração eólica offshore segue a cartilha que o setor aplicou nos projetos continentais, um processo marcado por atropelos e controles deficientes sobre os impactos da tecnologia no entorno das usinas. A RFI destacou as dores de cabeça que as plantas eólicas estão causando no Nordeste brasileiro, também destacadas no Plano Nordeste Potência.

Mario Quilodran/AFP

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