Foi com grande perplexidade que vimos o ataque de setores da grande imprensa a Marcio Pochmann. Tal ofensiva não encontra fundamento em uma análise minimamente objetiva da realidade.
Durante sua gestão no IPEA, Pochmann renovou amplamente o Instituto, por meio de diversas iniciativas que atingiram interesses cartoriais que o mantinham em moldes obsoletos. Realizou concursos públicos para ampliação de seu corpo técnico-administrativo, conferindo-lhe status de carreira de Estado ao dotá-lo de autonomia frente a indicações políticas; abriu o programa de Cátedras que integrou o pensamento econômico ao social, o que permitiu atualizar a contribuição de nomes como Celso Furtado, Darcy Ribeiro, Ruy Mauro Marini, Florestan Fernandes e Milton Santos; criou a Diretoria de Relações Internacionais que internacionalizou a instituição até então fortemente apartada dos grandes temas globais; estabeleceu escritório fora do país, na América Latina, priorizou a integração regional, o multilateralismo e o papel ativo do Brasil na construção de uma nova ordem Internacional mais democrática e plural, que possa converter o desenvolvimento em um direito dos povos e fortalecer o papel do Sul Global na gestão dos destinos do sistema mundial.
Economista com currículo inquestionável, Pochmann é ainda um crítico contundente da desigualdade estrutural que permeia o padrão de acumulação neoliberal que, embora ameaçado, jamais se dissolveu em nosso país desde os anos 1990, sendo profundamente cético das narrativas que apresentaram o Brasil como um país de classe média durante a primeira metade da década passada.
Sua nomeação à Presidência do IBGE traz o melhor do pensamento nacional-popular à gestão de uma importante instituição pública brasileira. A reação da mídia hegemônica ao seu nome é expressão de setores que se envolveram com o golpe de 1964 e são seus herdeiros, limitaram o alcance da redemocratização na Nova República, articularam o golpe de 2016 e querem um Estado funcional para a burguesia interna e as oligarquias que apequenam as possibilidades do Brasil, financeirizando-o, desindustrializando-o e subordinando-o a uma liderança unipolar decadente representada pelo imperialismo estadunidense.
A ameaça fascista que paira sobre o Estado brasileiro é expressão de uma democracia retórica, vazia e sem apoio popular. Restabelecer a pluralidade e o debate sobre modelos de desenvolvimento e padrões de acumulação em nosso país é absolutamente fundamental para concretizar a legitimidade de nossas instituições e afastar o risco de desastre político em nosso futuro próximo.
Apoiamos a nomeação de Márcio Pochmann e lhe desejamos uma gestão firme e serena.
Adalberto Cardoso (IESP/UERJ)
Adrian Sotelo Valencia (UNAM)
Alexandre Barbosa (ECA/USP)
Alisson Droppa (Dieese)
Ana Garcia (Brics Policy Center e IRI/ PUC- RJ)
Andrea Dias Victor (CNPq)
Angela Borges (Ucsal – Salvador)
Anita Leocadia Prestes (UFRJ)
Aparecida Neri de Souza (UNICAMP)
Armando Boito (Ciência Política/UNICAMP)
Atilio Boron (Ex- Secretario Executivo de CLACSO e UBA)
Bernardo Mançano Fernandes (UNESP)
Caio Navarro de Toledo(Unicamp)
Carla Curty (ITR-UFRRJ)
Carlos Eduardo Martins (IRID/UFRJ)
Carlos Fidelis Ponte (COC- Fiocruz)
Carlos Savio (UFF)
Carol Proner (IRID/UFRJ)
Dani Balbi (Deputada Estadual PC do B)
Danilo Enrico Martuscelli (UFU)
Denise Lobato Gentil (IE/ UFRJ)
Denise Osório Severo(Saúde Coletiva/UnB)
Doraci Alves Lopes (PUC-Campinas)
Edemilson Paraná (LUT University, Finlândia)
Edna Castro (Presidente da SBS e UFPA).
Eleonora Ziller (UFRJ)
Elisio Estanque (Universidade de Coimbra/ FEUC)
Emir Sader (Ex-Secretário Executivo de CLACSO, ex-Presidente de ALAS e UERJ)
Enéas Gonçalves de Carvalho (UNESP)
Fabricio Pereira da Silva (UNIRIO)
Flavia Lessa (ELA/ICS/UNB)
Francis Bogossian (IBEP)
Gabriel Merino (Universidad de la Plata)
Glauber Braga (Deputado Federal PSOL)
Graça Druck (UFBA)
Gustavo Lins Ribeiro (UnB)
Isabela Nogueira (IE/UFRJ)
Isaías Albertin de Moraes (IERI/UFU, CIRIEC-Brasil)
Ivana Jinkings (Boitempo)
Jacqueline Samagaia (UFBA)
Jaime León (IE-UFRJ)
Jaime Preciado (Ex-Presidente de ALAS e Universidade de Guadalajara)
Jales Dantas da Costa (UnB)
Javier Vadell (PUC-MG)
Joana Coutinho (UFMA)
Joana das Flores Duarte (ISS/UNIFESP )
Jose Marcio Rego (FGV-SP)
Julio Gambina (Universidade de Rosário)
Leandro Morgenfeld (UBA/CONICET)
Lília Tavolaro (ELA/ICS, UnB)
Lincoln de Abreu Penna (IBEP-Modecom)
Luciana Boiteaux (FND/ UFRJ e Vereadora PSOL- RJ)
Lucio Flávio Rodrigues de Almeida (PUC-SP)
Luis César Ribeiro (INCT/Observatorio das Metrópoles UFRJ)
Luiz Filgueiras (UFBA)
Magda Biavaschi (CESIT/Unicamp)
Magda de Almeida Neves (UFMG)
Marcelo Carcanholo (UFU)
Marco Aurélio Santanna (IFCS/UFRJ)
Marcos Pedlowski (LEEA/UENF)
Maria Caramez Carlotto (EPM/UFABC)
Maria Liduina de Oliveira e Silva (ISS/UNIFESP)
Maurício Metri (IRID/UFRJ)
Otávio Velho (Museu Nacional/UFRJ)
Nadia Bambirra (Atriz e Diretora)
Patricia Vieira Tropia (UFU)
Paulo de Tarso Presgrave Leite (FEA USP)
Paulo Henrique Martins (Ex Presidente de ALAS e UFPE)
Pedro Aguiar (UFF)
Pedro Amaral (PUC- RJ)
Pedro Paulo Bastos (IE/Unicamp)
Raphael Padula (IRID/UFRJ)
Renato Cabral Ramos (Museu Nacional/UFRJ)
Ricardo Alemao Abreu (Fundação Grabois)
Ricardo Antunes (Sociologia/UNICAMP)
Ricardo Festi (UnB)
Ricardo Zortea (IE/UFRJ)
Roberta Traspadini (UNILA)
Roberto Menezes Goulart (IREL/UNB)
Roberto Leher ( Ex- Reitor UFRJ)
Roseli de Fátima Corteletti (UFCG/TDEPP)
Saulo Pinto (DECON/UFMA)
Sedi Hirano (USP)
Simone Wolff (Universidade Estadual de Londrina/UEL)
Susana Castro (IFCS/UFRJ)
Vitor Iorio (IRID/UFRJ)
Wanderley de Souza (UFRJ)
Wilson Vieira (IE/UFRJ e Centro Celso Furtado)
Zacarias Gama (UERJ)
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Foto: Adriana Vichi / Teoria e Debate