Segundo informações de moradores, até a noite desta sexta-feira (22) apenas fiscais do Naturatins estariam na região tentando conter as chamas que ameaçavam os campos. População pede ações de proteção mais efetivas.
Por g1 Tocantins e TV Anhanguera
Todos os anos, a colheita coletiva do capim dourado no Quilombo Mumbuca, em Mateiros, cidade localizada na região do Jalapão, começa no dia 20 de setembro. Neste ano, a população teve uma surpresa desagradável ao chegar ao campo Caetano/Faveira: boa parte da plantação havia sido destruída por um incêndio.
O fogo começou dias depois da tradicional festa da Colheita do Capim Dourado, realizada no sábado, 16 de setembro. Nesta semana, um incêndio devastou o campo de capim dourado, comprometendo a colheita e revoltando a população que faz deste momento uma tradição passada às novas gerações.
O campo de capim era monitorado pelo o Instituto Natureza do Tocantins (Naturatins) no período que antecede a data permitida para colheita. Inclusive as pessoas permitidas a se beneficiarem do capim dourado devem se cadastrar no órgão antes da colheita. Mas mesmo assim, esse monitoramento não impediu a destruição da planta, usada para confecção de diversas pelas de artesanato.
Em nota, o Naturatins afirmou que assim que identificou o foco de calor, via monitoramento por imagem de satélite, a equipe acionou a brigada de combate a incêndios florestais, mas devido às condições climáticas, o fogo se alastrou rapidamente. O órgão investiga que se o incêndio foi criminoso.
Por isso, os representantes dos quilombolas e produtores pedem que a fiscalização e proteção desses campos seja mais efetiva.
“Mumbuca não pode ficar refém dessa situação, não adianta festejar, esperar a data certa, fazer tudo dentro da ordem e no final não ter o direito de colher em seu próprio território”, disse a matriarca Noemi Ribeiro, conhecida como a ‘doutora do Mumbuca’, em trecho de uma carta que pede providências sobre a situação aos órgãos de meio ambiente.
A diretora de proteção aos povos quilombolas da Secretaria de Povos Originários e Tradicionais (SEPOT) Ana Mumbuca, também viu a situação do campo devastado pelo incêndio e destacou que é preciso montar ações estratégicas conjuntas com diferentes órgãos para proteger os campos.
“Acampamento fiscal, monitoramento através de drones e instalação de câmeras de camuflagem e sobrevoos aéreos, pois o capim dourado é um bem de valor cultural e patrimônio histórico do Tocantins pela lei nº 2.106/2009”, afirmou.
Segundo informações de moradores do quilombo, até a noite desta sexta-feira (22), apenas fiscais do Naturatins estariam na região tentando conter as chamas que ainda ameaçam os campos.
Ainda não é possível dimensionar o tamanho do estrago feito pelo incêndio na região. Os órgãos ambientais ainda não se posicionaram sobre as causas da destruição nos campos de capim dourado.
O que diz o Naturatins
O Instituto Natureza do Tocantins (Naturatins) informa que o incêndio ocorrido na terça-feira, 19, atingiu o campo de capim-dourado Caetano/Faveira, localizado na região do Rio Novo, no Povoado do Mumbuca, a cerca de 70 quilômetros de Mateiros.
Tão logo que identificou o foco de calor, via monitoramento por imagem de satélite, a equipe acionou a brigada de combate a incêndios florestais para se deslocar até o local, mas devido às condições climáticas, o fogo se alastrou rapidamente.
A equipe de fiscalização trabalha no levantamento da dinâmica do incêndio para determinar se a causa foi natural ou um ato criminoso. Na última hipótese, o caso será repassado às autoridades competentes para as providências cabíveis.
–
Ficaram apenas cinzas de capim dourado no campo Caetano/Faveira — Foto: Divulgação