Mulheres camponesas no combate à fome e à violência no campo no Tocantins

Comunidades acompanhadas pela CPT promovem discussões e ações por uma vida saudável, com produção agroecológica e sem violência

Por Júlia Barbosa | CPT Nacional

Com informações da CPT Araguaia-Tocantins*

A IV Feira Formativa e Expositiva das Produções da Agricultura Familiar e Artesanais das Mulheres Camponesas Tocantinenses foi realizada como parte das ações articuladas pela Comissão Pastoral da Terra Araguaia-Tocantins, em comemoração ao Dia Internacional da Mulher. Integrando as atividades do 10º Encontro de Mulheres Camponesas, a quarta edição trouxe o tema “Por uma vida produtiva, saudável e sem violência aos corpos-territórios no Cerrado e na Amazônia”, e ocorreu entre os dias 8 e 9 de março, no Parque Cimba, em Araguaína (TO).

A feira foi uma iniciativa da Rede de Proteção às Mulheres Camponesas Flores de Sucupira, da CPT Araguaia-Tocantins, em parceria com a Universidade Federal do Norte do Tocantins. Fundada em 2019, a Rede nasce em um contexto de acirramento da violência contra as mulheres e de desmonte das políticas públicas de proteção às camponesas e aos territórios dos povos e comunidades tradicionais.

Desde 2013, a CPT Araguaia-Tocantins realiza trabalhos de formação e apoio às mulheres do campo em situação de violências e vulnerabilidades sociais. A Rede, resultado desse trabalho, é formada por mulheres camponesas de dezesseis comunidades da região, reunindo acampadas, assentadas, posseiras, quilombolas e ocupantes sem-terra, que reivindicam a reforma agrária e a demarcação de seus territórios na região Centro Norte do Tocantins.

Segundo Laudinha Moraes, agente da CPT, a Flores de Sucupira tem como objetivo unir e reunir mulheres e homens do campo e da cidade no combate às várias formas de violência, fomentando o debate sobre saúde, agroecologia, defesa dos territórios, direitos, autonomia e geração de renda, através da exposição e comercialização dos produtos agroecológicos e artesanatos produzidos em suas comunidades.

“A iniciativa é resultado do trabalho de formação e apoio às mulheres do campo em situação de violências e vulnerabilidades sociais. A feira das mulheres é resultado da organização destes grupos de mulheres que lutam por seus direitos e autonomia” – Laudinha Moraes, agente da CPT Araguaia-Tocantins.

As mulheres camponesas são linha de frente no combate à fome no país, produzindo alimentos de forma agroecológica. As feiras da agricultura familiar promovem não apenas o acesso ao alimento, mas garantem uma alimentação saudável e livre de veneno. Além disso, ainda atuam para a geração de renda e autonomia financeira de mulheres camponesas.

“Eu tô com minha casa levantada, faltando só o telhado, mas não sabia quando ia conseguir cobrir, tava faltando o dinheiro das telhas. Colhi minha roça de feijão essa semana e chegou o convite para a feira. Vim e foi a melhor coisa que eu fiz, vendi o feijão todo e agora eu vou conseguir cobrir minha casa” – Joelma Lima Nunes, Assentamento Formosa.

Para a realização da IV Feira, houve ainda o apoio da Articulação das CPTs da Amazônia, da Articulação das CPTs do Cerrado, da Cáritas Diocesana, do Núcleo de Agroecologia da UFNT (Neuza), do Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais Sem Terra (MST), do  PROCAD – UFNT e da Secretaria Municipal de Cultura de Araguaína (TO).

 

*Foto: CPT Araguaia-Tocantins

**Este relato faz parte da série de experiências da campanha ‘Fraternidade Sem Fome, pão na mesa e justiça social’

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