Empresário garimpeiro financiou tentativa de destruir helicóptero do IBAMA em Roraima, conclui PF

O empresário pró-garimpo Rodrigo Mello, vulgo Rodrigo Cataratas, foi indiciado pelo ataque incendiário contra um helicóptero do IBAMA em Boa Vista em setembro de 2021.

ClimaInfo

A Polícia Federal (PF) concluiu neste mês o inquérito referente à destruição de um veículo do IBAMA e uma tentativa de ataque a um helicóptero da autarquia em setembro de 2021. Sete suspeitos foram indiciados por envolvimento direto nos episódios, entre eles o empresário Rodrigo Mello, mais conhecido como Rodrigo Cataratas, figura famosa entre os defensores do garimpo ilegal em Roraima.

Os criminosos destruíram um veículo do IBAMA estacionado no pátio de sua unidade no bairro Aeroporto, zona norte de Boa Vista, em 7 de setembro de 2021. Cinco dias depois, o grupo invadiu a superintendência da PF na capital de Roraima e tentou atear fogo em um helicóptero do IBAMA utilizado na repressão de crimes ambientais.

De acordo com a PF, a ação criminosa foi uma retaliação às operações de combate ao garimpo na Terra Indígena Yanomami. Os ataques teriam sido idealizados e apoiados por meio de um grupo de troca de mensagens com mais de 100 integrantes. Rodrigo Cataratas faria parte desse grupo e também teria apoiado financeiramente as ações.

O empresário se apresenta como líder de um suposto “movimento popular” em favor do garimpo em Roraima. Em 2022, ele foi candidato a deputado federal pelo PL do ex-presidente Jair Bolsonaro, mas acabou derrotado. Além da defesa do garimpo, Cataratas é dono de empresas de táxi aéreo frequentemente apreendidas em operações de fiscalização antigarimpo na Terra Yanomami. Ele também possui uma empresa de construção de poços artesianos que chegou a ser contratada pelo Exército para obras em uma unidade dentro do território indígena.

Uma das empresas de Cataratas também é investigada por envolvimento em uma esquema milionário de comercialização de ouro retirado ilegalmente da Terra Yanomami. O Ministério Público Federal (MPF) estimou que a empresa tenha movimentado cerca de R$ 425 milhões entre 2021 e 2022 somente com o transporte de insumos e mercadorias para o garimpo ilegal dentro do território.

O indiciamento foi noticiado por CartaCapitalFolha de Boa Vistag1 e Metrópoles, entre outros veículos.

Em tempo 1: As ações da PF e do IBAMA na Terra Yanomami no mês de janeiro resultaram na destruição de duas aeronaves, cinco motobombas, 78 motores e 2,5 mil litros de combustível apreendidos com garimpeiros. Os agentes também apreenderam uma arma de fogo com munições e acessórios, além de coletes à prova de balas e rádios comunicadores. Agência Brasilg1 e Metrópoles deram mais detalhes.

Em tempo 2: A Folha revelou mais um exemplo da indisposição das Forças Armadas em apoiar os esforços contra o garimpo ilegal e em favor dos indígenas na Terra Yanomami. De acordo com a reportagem, os militares pediram R$ 993 milhões por dia para manter o apoio logístico às operações de fiscalização e entrega de cestas básicas às aldeias. O Ministério da Defesa vem sendo bastante criticado por ter se distanciado da Terra Yanomami nos últimos meses, o que abriu espaço para o retorno dos garimpeiros ao território.

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