Governo formará indígenas para ampliar participação na COP30, diz Sônia Guajajara

Segundo a ministra, os representantes indígenas atuarão não apenas em eventos paralelos, mas também interagirão com os negociadores governamentais na COP30 de Belém, em 2025.

ClimaInfo

O Ministério dos Povos Indígenas quer facilitar a participação de representantes das populações originárias do Brasil na Conferência do Clima de Belém (COP30), que acontecerá em 2025 na capital paraense. A ideia, de acordo com a ministra Sônia Guajajara, é formar “diplomatas indígenas” para participar do evento, com o objetivo de dar voz a esses povos no processo decisório global para o clima.

“Esses indígenas vão atuar em eventos adjacentes e na interação direta com os negociadores da COP”, disse Guajajara durante um painel da Brazil Conference, evento realizado por estudantes brasileiros na Universidade de Harvard (EUA), no último domingo (7/4). “Nós vamos chamar lideranças jovens indígenas para uma formação da diplomacia indígena, fazendo uma incidência direta com os negociadores”.

De acordo com Guajajara, a pasta deve lançar um chamado público nos próximos meses para selecionar os representantes indígenas que participarão desse processo de formação. “Estamos confiantes de que os Povos Indígenas podem contribuir para conter a crise climática. É hora de mostrar que a floresta em pé vale mais do que a floresta morta”, disse. Estadão e Valor deram mais detalhes.

A inclusão dos indígenas na COP30, além de outros grupos sociais marginalizados no cenário internacional, é um dos pontos que compõem a estratégia do Brasil para a retomada da cooperação climática global entre os países. Esse esforço é bem-visto no exterior, especialmente em um contexto geopolítico cada vez mais marcado por conflitos e tensões em diversas partes do globo.

“A COP30 precisa catalisar o tipo de movimento coletivo que estimula a ação política de que precisamos. (…) O Brasil assumiu repetidamente a identidade de uma nação que tem a capacidade e o desejo de liderar pelo exemplo, um desafio que hoje, enquanto o mundo enfrenta o caos climático descontrolado, é absolutamente crucial”, escreveram May Boeve e Ilan Zugman, da 350.org, na Euronews.

Em tempo: O principal desafio no caminho de um Brasil descarbonizado no curto prazo está no combate ao desmatamento e na agropecuária, avaliou o secretário-executivo do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, João Paulo Capobianco. “Somados, desmatamento e agropecuária representam 67% das emissões [do Brasil]”, observou o principal auxiliar da ministra Marina Silva, durante evento realizado pelo Valor Econômico em São Paulo nesta 2ª feira (8/4).

Já seu contraparte no Ministério da Fazenda, Dario Durigan, destacou a necessidade do Brasil conciliar as agendas de consolidação fiscal e ecológica em sua visão de desenvolvimento de longo prazo. “Uma âncora fiscal bem consolidada com credibilidade nacional e internacional diminui os medos políticos. [Isso permite] dar vazão ao desenvolvimento do país e possibilitar que a gente possa explorar nossa matriz [energética] limpa”, disse Durigan.

Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil

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