O parasitismo financeiro derrotou a independência. Por Ladislau Dowbor

Desindustrialização, desnacionalização e endividamento opressivo sugam recursos da maioria para servir a interesses estrangeiros e uma elite local clientelista. Ao celebrar o bicentenário, temos a soberania por resgatar

Outras Palavras

A economia hoje é em grande parte globalizada. Em particular, com o dinheiro impresso por governos substituído por dinheiro virtual emitido também por bancos (97% da liquidez), as finanças passaram a funcionar em escala planetária. Por exemplo 3 corporações privadas, BlackRock, Vanguard e State Street, administram cerca de US$ 20 trilhões de dólares, três vezes o orçamento federal dos Estados Unidos. A globalização financeira reduz drasticamente a autonomia dos países definirem os seus rumos, já não só frente a países mais fortes, mas frente ao poder corporativo. Basicamente temos governos nacionais que enfrentam uma economia globalizada. O conceito de independência encontra aqui uma limitação estrutural. (mais…)

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Vai passar: o Brasil doente que podemos deixar para trás

Sinais invertidos governam o país. No topo da República, torturadores que se dizem cristãos. As injustiças viram culpa dos injustiçados. Chegamos a sentir na pele os sintomas desse estado doentio. Mas saberemos resistir e virar a página

Por Rosângela Ribeiro Gil*, em Outras Palavras

O diagnóstico não é meu, mas da minha médica após ouvir os meus queixumes de ansiedade, angústia, medo da morte, comilança, vontade de beber vinho além da conta, coceiras que pipocam em várias partes no corpo (mas sem deixar uma marca sequer) e a somatização de uma herpes labial. Os exames clínicos e laboratoriais mostraram resultados normais. Pressão, 13 por 8, dentro da normalidade. (mais…)

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‘Parece leite, mas não é’: como crise [?] ‘empobreceu’ a fórmula dos produtos lácteos do Brasil

Por André Biernath, da BBC News Brasil em Londres

Nos últimos meses, os consumidores brasileiros mais atentos notaram uma mudança importante no Moça, uma das marcas de leite condensado mais conhecidas e utilizadas no país. Junto ao produto tradicional, cuja embalagem é azul, as gôndolas dos supermercados foram inundadas por uma nova versão, na cor marrom.

Na parte inferior do rótulo, é possível entender melhor a diferença entre as opções. Enquanto a caixinha azul traz o leite condensado convencional (integral ou desnatado), a marrom é uma “mistura láctea condensada de leite, soro de leite e amido”.

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Boaventura: As transições opostas do século 21

Ambas ocorrem simultaneamente. A democracia cede a “novas” ditaduras. Mas em vez da ideia positivista de “progresso” surge a de justiça social e ambiental. Só uma destas transformações perdurará. Quem quer a segunda precisa frear a primeira

Por Boaventura de Sousa Santos, em Outras Palavras

Ao longo dos últimos cem anos falou-se muito de transições entre tipos de sociedade e entre civilizações, e construíram-se muitas teorias da transição. Segundo o antropólogo francês Maurice Godelier, a transição é a fase particular de uma sociedade que encontra cada vez mais dificuldades em reproduzir o sistema econômico e social sobre o qual se funda e começa a reorganizar-se sobre a base de outro sistema que se transforma na forma geral das novas condições de existência. As transições mais estudadas nas ciências sociais foram as seguintes: da idade medieval para a idade moderna, do feudalismo para o capitalismo, do capitalismo para o socialismo, da ditadura para a democracia. Nas últimas décadas, com o colapso da União Soviética, têm sido muito estudadas as transições do socialismo de tipo soviético para o capitalismo.

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O supremacismo branco, segundo bell hooks

Pensadora vê nesta ideologia a síntese das opressões de raça, gênero e classe. E provoca, em livro recém-lançado no Brasil: antirracismo e feminismo podem ser capturados se, mais que transformar o mundo, buscarem ser reconhecidos*

Por bell hooks, no Outras Palavras

Nos últimos anos, meu trabalho tem se debruçado sobre o papel do amor no combate à dominação. Contemplar os fatores que levam as pessoas a lutar por justiça e a se empenhar em construir uma comunidade me instigou a pensar criticamente sobre o lugar do amor. Não importa se a questão é acabar com o racismo, o machismo, a homofobia ou o elitismo de classe — quando entrevisto pessoas sobre o que as leva a superar o pensamento e a ação dominadores, elas invariavelmente falam de amor, de aprender a aceitar as diferenças em alguém com quem se importam. Falam do enorme desafio de desejar a conexão e a união com alguém radicalmente diferente ou que tenha convicções e opiniões tão distintas que represente uma fonte de estranhamento e conflito, a tal ponto que apenas uma contínua vigilância crítica e cuidadosa pode garantir o contato duradouro. Para muitos desses indivíduos, o que os tem impulsionado na direção do pensamento crítico e da mudança é o envolvimento ativo com movimentos que lutam pelo fim da dominação.

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Cadeia para os executivos da água-mercadoria

Relatório revela o desastre da privatização do saneamento na Inglaterra. Águas estão com níveis chocantes de contaminação. Fiscalização e multas já não intimidam as empresas — e o governo faz vista grossa. Cresce a pressão pública para puni-las

Por Marcos Helano Montenegro, no Outras Palavras

Foi divulgado hoje, 14 de julho, o relatório anual 2021 sobre a poluição por esgotos causadas pelas empresas privadas proprietárias dos serviços de água e esgoto da Inglaterra. Na ocasião, a Agência do Meio Ambiente (EA) informou que as empresas de água inglesas apresentaram níveis chocantes de poluição no ano passado.

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A fome explode e o “agro” planta combustíveis

Lavouras de biodiesel espalham-se e já ocupam área que poderia alimentar 2 bilhões de pessoas. Produção engorda civilização do automóvel enquanto devasta biomas, inflaciona alimentos e expulsa lavradores e indígenas de suas terras

Por George Monbiot*, no The Guardian

O que dizer de governos que, em meio a uma crise alimentar global, preferem alimentar máquinas? Você pode dizer que são loucos, indiferentes ou cruéis. Mas essas palavras mostram-se muito insuficientes quando você quer descrever a queima de alimentos enquanto milhões morrem de fome.

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