Lançada biografia de uma grande intelectual brasileira. Precursora do feminismo negro, inovou no exame do racismo e na luta contra ele. Filósofa, dialoga com Mbembe, Foucault, carnaval e candomblé. “Continuo preta”, orgulha-se
Esta mulher é a minha fala O meu segredo Minha língua de poder E meus mistérios. Ana Paula Tavares, “A cabeça de Nefertiti”
À narração da trajetória de uma das fundadoras do feminismo negro no Brasil, sobrepõe-se a construção dos próprios movimentos negro e feminista no país. Com uma extensa pesquisa documental, escuta de depoimentos e 160 horas de conversas com Sueli, Bianca Santana alterna as recordações e a formação da filósofa e ativista com as mudanças na sociedade brasileira. A escrita da biografia, assim, coletiviza-se: através de uma fala de si, narra a trajetória de um coletivo.
Em entrevista à Pública, filósofa italiana fala sobre o acúmulo de trabalho para as mulheres durante a pandemia, a caça às bruxas realizada pela igreja e um novo feminismo que vê nascer
A filósofa, escritora e professora italiana Silvia Federici ficou conhecida no Brasil por seus livros “Calibã e a Bruxa”, “O Ponto Zero da Revolução” (Editora Elefante) e “Mulheres e Caça às Bruxas” (Editora Boitempo). Nascida na Itália e radicada nos Estados Unidos desde a década de 1960, Silvia lança agora um novo livro pela Boitempo, “O patriarcado do salário – notas sobre Marx, gênero e feminismo” que traz uma série de artigos sobre como o trabalho não remunerado das mulheres – como o doméstico e o de cuidados com a reprodução – teve e tem um papel importante na consolidação e na sustentação do sistema capitalista. Silvia também reivindica espaço para o que chama de “trabalho reprodutivo” nas pautas da esquerda como mostra esse trecho do livro: “De Lênin a Gramsci, toda a tradição da esquerda concordou com a ‘marginalidade’ do trabalho doméstico para a reprodução do capital e com a marginalidade da dona de casa para a luta revolucionária. Para a esquerda, na condição de donas de casa, as mulheres não sofrem por causa da evolução capitalista, mas pela ausência dela. Nosso problema, ao que parece, é que o capital não organizou nossas cozinhas e nossos quartos, o que gera uma dupla consequência: a de que nós aparentemente trabalhamos em um estágio pré-capitalista e a de que qualquer coisa que fazemos nesses espaços é irrelevante para a transformação social. Pela lógica, se o trabalho doméstico é externo ao capital, nossa luta nunca causará sua derrocada”.
Após um ano de uma pandemia devastadora e uma crise cada vez mais profunda, este festival será um momento de celebração de nossas lutas como mulheres e feministas de todos os cantos do mundo, com foco nas nossas conquistas e na esperança em nossa luta.
Batizado como “Lélia Gonzalez Vive” um acervo digital da obra e da trajetória da pensadora mineira foi lançado com o objetivo de manter vivo e de popularizar o legado da ativista, antropóloga, professora, filósofa e uma das pioneiras a tratar sobre feminismo negro no Brasil a partir de uma perspectiva afro-latina-americana.
Curso “Introdução ao pensamento feminista negro” conta com seis aulas e explora as obras de autoras como Angela Davis, Audre Lorde, bell hooks, Michelle Alexander, Sueli Carneiro e Conceição Evaristo. Intitulado “Por um feminismo para os 99%”, o ciclo de debates conta com a participação de nomes como Judith Butler, Patricia Hill Collins, Preta Ferreira, Silvia Federici e Sonia Guajajara.
De 8 de março a 12 de abril de 2021, a Boitempo realiza o curso Introdução ao pensamento feminista negro e o ciclo de debates internacional Por um feminismo para os 99%. Viabilizada pela Lei Aldir Blanc, a programação conta com 24 pensadoras e ativistas de 5 nacionalidades diferentes. Todas as atividades são gratuitas e sem necessidade de inscrição prévia, inserindo-se no histórico de eventos internacionais promovidos pela editora ao longo de seus mais de 25 anos.
Sob Bolsonaro, país continua em modo pesadelo, após virada do ano. Há viés patriarcal na tragédia: desmonte de serviços públicos visa também redomesticar mundo feminino. Saídas estão entre as que, ameaçadas, resistem à subalternidade
Iniciamos a coluna Baderna Feminista deste ano em alerta, resistindo e denunciando a forma como o bolsonarismo segue operando uma necropolítica1 e seus impactos na vida de nós mulheres.
Foi lançada em 06 de janeiro de 2021 Capire, uma ferramenta de comunicação para ecoar as vozes das mulheres em movimento, visibilizar as lutas e processos organizativos nos territórios, fortalecer referências locais e internacionais do feminismo popular, anticapitalista e antirracista.