Durante toda a greve dos caminhoneiros, a partir do dia 21 de maio de 2018 no Brasil, que levou ao desabastecimento dos CEASAs, de muitos supermercados e impôs a paralisação da maioria dos automóveis nas garagens, recordei-me o tempo todo, com saudade, de Marcelo Guimarães Mello. Além de ter tido a alegria de conhecê-lo e me tornar seu amigo, aprendi com ele o caminho para a superação da dependência energética e alimentícia imposta ao povo brasileiro pelo Estado Brasileiro acumpliciado ao capital internacional, primordialmente especulativo. De forma apaixonada, com grande competência técnica e com a sabedoria dos camponeses, Marcelo Guimarães, ao longo de 20 anos, pesquisou muito e colocou em prática um protótipo que viabiliza a autonomia energética e alimentar com tecnologia social e preservação ambiental, gerando energia, produção de alimentos saudáveis sem agrotóxicos e construindo autonomia energética. Marcelo dizia com alegria: “Há mais de 25 anos, eu, minha família e alguns amigos andamos de automóvel sem ter que parar em nenhum posto de gasolina para abastecer. Eu mesmo produzo minha energia e os alimentos que chegam à cozinha da minha casa”. (mais…)
greve
Combustíveis: como chegamos ao caos
Entenda, em detalhes, a insana política de preços da Petrobras, após o golpe. Veja como as medidas anunciadas pelo governo tornarão pior o que já era muito ruim.
Por Alessandra Cardoso* e Nathalie Beghin, do Inesc
A greve dos caminhoneiros trouxe à tona a política de preços praticada pela Petrobras. Para determinar os valores dos combustíveis, a estatal tinha como regras básicas, até outubro de 2016: a convergência aos preços internacionais nos médios e longos prazos, reajustes sem periodicidade definida e decisão de preços a cargo da diretoria executiva da empresa. (mais…)
A luta dos caminhoneiros e as questões incômodas
Há quem fale em “golpe” e em “locaute”. Mas movimento expõe, principalmente, fragilidade do governo; e paralisia de uma esquerda que esqueceu as ruas e a rebeldia – para enxergar apenas eleições
Por Antonio Martins, em Outras Palavras
I.
E eles resistem. No início da tarde sexta-feira (25/6), quando se escreve este texto, o governo acaba de anunciar ação repressora contra os caminhoneiros – mas milhares deles continuam mobilizados, em todos os Estados. Recusam-se ao trabalho, nas condições que lhes são impostas. Parados, trancam rodovias. Sua atitude trava um país que optou por se tornar refém do transporte rodoviário. Não há gasolina nos postos (ou há filas quilométricas) e os ônibus urbanos começam a escassear. Ninguém abastece os Ceasas. Os aviões, em breve, ficarão em solo. (mais…)
Greve: desmonte da Petrobrás levou país ao caos
Caminhoneiros tendem a ser conservadores, mas reivindicação é justa. Sob o golpe, política de preços da estatal atende aos desejos dos investidores, não às necessidades do país
Por Paulo Kliass*, de Outras Palavras
A história das movimentações políticas e reivindicatórias de determinadas categorias sociais carrega consigo uma tendência a apresentar elementos de natureza conservadora e retrógrada. Travestidos de manifestações de protesto contra políticas setoriais, tais movimentos muitas vezes acabam por enganar a opinião pública e provocar crises políticas mais amplas. Em geral, as greves de caminhoneiros tendem a ser um exemplo bem característico desse quadro de confusão. Talvez a mais dramática de todas tenha sido a atuação dessa categoria no Chile, às vésperas do golpe que derrubou o governo de Salvador Allende. (mais…)
O servidor público, entre a vida e a greve
O Supremo Tribunal Federal, por maioria, decidiu que servidor público deve escolher entre a vida e a greve.
Isso mesmo. Apesar de ser um direito constitucional de primeira grandeza, daqueles que faziam a Constituição brasileira ser reconhecida e festejada mundo afora, a greve deixou de existir. (mais…)
“Vitória” temporária da diretoria da USP contra os servidores e o direito de greve
A direção da universidade escolta-se em uma suposta obrigação de efetuar o desconto dos salários, mas sua intenção, por certo, sempre foi a de encerrar a greve impondo sacrifício de sobrevivência aos servidores.
Por Jorge Luiz Souto Maior, no Blog da Boitempo
A julgar pela comunicação, por e-mail, enviada em 15 de julho de 2016, a direção da Universidade de São Paulo está feliz (e comemora) com a vitória judicial que obteve sobre seus adversários, os servidores da Universidade, no que tange ao corte de salários, conduzindo, maliciosamente, os interlocutores a entender que a situação é definitiva, enquanto se trata, em verdade, de mera avaliação liminar da questão. (mais…)