Queimando por dentro, com os pulmões assados, Stuart morreu sem pedir clemência. Pediu água, bateu asas e voou..
Hildegard Angel
Chico Buarque de Holanda descreveu minha mãe como “ferida de morte e rindo”. Sim, em meio à tragédia, enrolada aos panos pretos de seu luto ostensivo, Zuzu Angel soltava uma gargalhada. Não era desvario, era a disposição emuladora para a luta, que não a deixava sucumbir. A cada nova escaramuça bem sucedida, ela vibrava em suas duas frentes de batalha. A primeira, na busca do corpo de seu filho, de quartel em quartel, de porta em porta das autoridades, de nomes da imprensa, de qualquer pessoa que a quisesse escutar. A outra frente era a de denúncia, no exterior, dos horrores praticados nos porões da ditadura brasileira. Para isso, não havia limites. Desde se vestir de turista americana e conseguir chegar ao inatingível Henry Kissinger, no hotel Sheraton Rio, onde o Secretário de Estado americano era cercado por segurança máxima, a realizar um inédito desfile, até então no mundo da moda, de uma coleção de vestidos de protesto e denúncia política, em casa do cônsul-geral do Brasil em Nova York, Mario Soutello Alves, com presença de representantes das agencias de noticias mais importantes do mundo, Reuters, Associated Press, Tass e outras. (mais…)
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