O militar negro que se insurgiu contra os maus-tratos na Marinha ganha maior reconhecimento com uma proposta para entrar no panteão dos heróis brasileiros e protagonismo na Bienal de São Paulo
Por Naiara Galarraga Gortázar, no El País Brasil
Foi uma queda de braço extraordinária que manteve o Rio de Janeiro em suspense durante vários dias em 1910. Quatro navios militares brasileiros ancorados na Baía de Guanabara apontavam seus canhões contra a cidade, então capital brasileira, depois que os marinheiros se amotinaram clamando “Viva a liberdade, abaixo a chibata!”. O líder da revolta, João Cândido Felisberto, telegrafou um ultimato ao presidente Hermes da Fonseca. A tropa queria que os oficiais parassem de tratá-la como se os navios da Marinha fossem plantações, como se a escravidão continuasse vigente naqueles navios onde o comando era sempre branco e os marinheiros, quase todos negros. Foi um dos maiores motins navais, comparável ao do Potemkin, ocorrido pouco antes na Rússia czarista.
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