Sem canonizar Marighella, Wagner Moura inscreve guerrilheiro no panteão dos heróis nacionais

Depois de ter sido censurado, filme que conta os últimos dias de um dos principais nomes da resistência armada no Brasil chega às salas de cinema nesta quinta (4)

Gil Luiz Mendes, em A Ponte

Na entrevista coletiva, dada logo após a exibição de Marighella para jornalistas nesta sexta-feira (29/10) em São Paulo, Wagner Moura fazia questão de repetir que seu primeiro trabalho como diretor era um filme sobre amor. O sentimento aparece na relação entre pais e filhos, maridos e esposas. Amor pela causa revolucionária, amor pela dor e pela tortura. Amor por um país, seja de que lado for da trincheira que é apresentada durante as duas horas e 40 minutos de filme.

(mais…)

Ler Mais

Denunciado pelo MPF, ex-médico do IML torna-se réu por omitir tortura em laudo de vítima da ditadura em 1969

José Manella Netto endossou versão oficial de suicídio do militante Carlos Roberto Zanirato, morto após ser agredido e empurrado contra um ônibus em São Paulo

Ministério Público Federal em São Paulo

O ex-médico legista José Manella Netto tornou-se réu por falsidade ideológica e ocultação de cadáver. A denúncia do Ministério Público Federal (MPF) contra o ex-integrante do Instituto Médico Legal (IML) de São Paulo foi aceita pela Justiça Federal e, com isso, a ação penal começa a tramitar. Em 1969, Manella Netto foi um dos autores do laudo necroscópico do corpo de Carlos Roberto Zanirato, militante político submetido a intensas sessões de tortura e morto em junho daquele ano. O documento omitiu as verdadeiras causas do óbito, a fim de encobrir a responsabilidade dos agentes da repressão.

(mais…)

Ler Mais

Europa, je t’aime moi non plus. Por Margarida Calafate Ribeiro

Quando o meu pai voltou a Portugal, trouxe o colonialismo com ele e nunca foi capaz de deixá-lo para trás. O meu pai era o colonialismo. Portanto, o meu pai era também injustiça e violência. Talvez eu não saiba muito bem, numa perspetiva histórica, o que era o colonialismo – muito provavelmente escapa-me; mas sei muito bem o que era o meu pai, o que pensava e dizia, e esse é um conhecimento prático do colonialismo que nenhum historiador possui, exceto pela mesma experiência vivida. (Isabela Figueiredo, Caderno de Memórias Coloniais)

(mais…)

Ler Mais

Lamarca, 50 anos depois. Entrevista com o Sargento Darcy

por Eleonora de Lucena e Rodolfo Lucena, no Tutameia

“Quando Lamarca volta de Suez, vai para o Rio Grande do Sul, volta a São Paulo, me procura. Nós começamos a conversar, e ele me falou: ´Nós temos de sair do Exército para combater os traidores de fora para dentro’. Quem eram os traidores? O movimento que rasgou a Constituição de 1946 e tomou o poder no dia primeiro de abril de 1964. Até a data é o dia da mentira.”

(mais…)

Ler Mais

Quase desabando, sede de Memorial que conta história das Ligas Camponesas no NE é restaurada

Casa da década de 1940 passou por última reforma em 2012, quando foi tomabada como patrimônio histórico da Paraíba

Lucila Bezerra, Brasil de Fato

O Memorial das Ligas e Lutas Camponesas preserva a história das associações de trabalhadores rurais pela vida digna no campo e pela reforma agrária, que surgiram na década de 1950 no estado de Pernambuco, e depois ganharam frentes na Paraíba e em outros estados.

(mais…)

Ler Mais

Guerra Fria Interamericana

Com documentos inéditos, livro revela como a ditadura militar brasileira ajudou a golpear a mais longeva democracia do continente em conluio com os EUA para instalar um regime sanguinário sem precedentes no Chile. Mas, enquanto o apoio de Washington se dava às claras, a intervenção brasileira acontecia no submundo.

Por Andre Pagliarini, em Jacobin

Em 2013, enquanto o Chile marcava quarenta anos do golpe que matou o ex-presidente socialista Salvador Allende, derrubou a exitosa coalizão de esquerda conhecida como Unidade Popular e enterrou a democracia de um país que até então se orgulhava de sua estabilidade política, uma campanha presidencial marcada pela memória da ditadura de Augusto Pinochet se desdobrava. Michelle Bachelet e Evelyn Matthei, duas filhas de generais da Força Aérea chilena que brincavam juntas quando meninas, protagonizam a disputa eleitoral. Como Bachelet explicou ao jornal The Guardian, “meu pai e o pai dela eram bons amigos, mas eram muito diferentes. Meu pai falava muito e ria muito. Eu sou como ele. Matthei é mais alemã. Ela é quieta”. Bachelet, que já havia exercido a presidência entre 2006-2010, primeira mulher a ocupar o cargo no Chile, disse também que “minha família realmente acreditava na justiça social e tinha a mente aberta. Isso era visto como estranho pelos militares da época. É por isso que temos visões completamente diferentes”.

(mais…)

Ler Mais