Um excelente retrato de um Brasil abjeto: “Um colchão por domicílio. Por Eugênio Bucci”

Destaque de Combate: Somos uma cidade que fecha os olhos para os presépios de carne e osso e faz orações pungentes diante dos presépios de mentirinha – alguns deles caríssimos, financiados pelos bancos sobre o pavimento da Paulista.

No A Terra é Redonda

66 mil paulistanos não têm casa para morar e 19 milhões de cidadãos passam fome no Brasil. Como explicar nosso desprezo cruel pelo sofrimento alheio?

O casal mora lá, embaixo de uma longa marquise pintada de verde, a poucos minutos do cruzamento entre a Rebouças e a Faria Lima. Naquele mesmo endereço já funcionou um supermercado de luzes escassas, com ares mofados de entreposto comercial. Hoje, com suas portas de metal bem trancadas, o imóvel não tem mais nenhuma função social ou mercantil. Só a calçada, apenas ela, encontrou uma utilidade: virou dormitório popular. Foi lá que o jovem casal fixou residência, em pacífica vizinhança com outros moradores. Os colchões perfilados, mudos e discretos se organizaram para não incomodar ninguém: tiveram o cuidado de deixar livre uma boa faixa do calçamento para que os pedestres trafeguem, sem virar a cabeça.

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Chegou a hora de abolir a aporofobia

Termo define o “horror aos pobres” e foi criado nos anos 90, em meio às perseguições a imigrantes na Europa. Entre apatia social e discurso de ódio, desvela perverso mecanismo psicológico: etiquetar (para, depois destruir) os “perigosos miseráveis”

por Ricardo Salles, em Outras Palavras

Vem surgindo na mídia, cada vez com mais frequência, o termo aporofobia, horror ao pobre, repúdio à pobreza (alheia, evidentemente). É uma palavra ainda não dicionarizada na língua portuguesa, mas aceita, desde 2017, no léxico do castelhano, com registro especificamente no Diccionario de la Real Academia Española de la Lengua, algo como um Oxford daquele idioma. Poderíamos trazê-la para a nominata das patologias sociais do nosso Aurélio ou do nosso Houaiss e, neste caso, a morfologia ajuda, pois o vocábulo poderia ser importado do castelhano sem qualquer alteração.

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4 dados que mostram por que Brasil é um dos países mais desiguais do mundo, segundo relatório

Por Daniela Fernandes, de Paris para a BBC News Brasil

O Brasil permanece um dos países com maior desigualdade social e de renda do mundo, segundo o novo estudo lançado mundialmente nesta terça-feira (7/12) pelo World Inequality Lab (Laboratório das Desigualdades Mundiais), que integra a Escola de Economia de Paris e é codirigido pelo economista francês Thomas Piketty, autor do bestseller O Capital no Século 21, entre outros livros sobre o tema.

O novo Relatório sobre as Desigualdades Mundiais é o segundo realizado desde 2018 e teve a colaboração de cerca de uma centena de pesquisadores internacionais.

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Os brasileiros que sobrevivem com comida de porco e água suja: ‘Um balde para seis tomarem banho’

Por Josué Seixas, de Maceió (AL) para a BBC News Brasil

Williams Tavares, de 19 anos, interrompe o telefonema com a reportagem para ajudar uma mulher e uma criança a transportar água para dentro da comunidade Muvuca, no Vergel do Lago, uma das regiões mais pobres de Maceió, capital de Alagoas. Ele retorna à ligação ofegante.

“Aqui, tudo é precário. Se em alguns dias falta o dinheiro até mesmo para comprar o pão ou a mistura, o que dá para fazer quando falta a água de beber ou de tomar banho?”, diz Páscoa, como o morador da comunidade é conhecido.

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Explosão da pobreza: a dor da gente não sai no jornal

Em dois anos, a miséria aumentou 22%. 28 milhões de brasileiros (o equivalente a população do Chile e Paraguai somadas) estão abaixo da linha da pobreza. Número de pessoas vivendo nas ruas explodiu. Apenas ações solidárias não bastarão…

por José Álvaro de Lima Cardoso, em Outras Palavras

A miséria e a fome voltaram a sacrificar e assombrar os brasileiros mais pobres. Além dos 612.000 mortos pela pandemia há uma tempestade perfeita nesse caos que coloca em risco também a segurança alimentar da população: inflação alta e concentrada em alimentos, desemprego e ausência de um auxílio emergencial com valores decentes.

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‘Quando o caminhão passa cedo, dá para conseguir coisas boas’: a rotina das famílias que buscam comida no lixo

Por Letícia Maia, de Fortaleza para a BBC News Brasil

A luta pela sobrevivência tem preenchido integralmente os dias de Sandra Maria de Freitas. Aos 57 anos e com doloridos calos nos pés, resultado de décadas de trabalho intenso como lavadeira, ela explica que as lesões dificultam a disputa por alimentos descartados em caminhões de lixo pelos supermercados de um bairro nobre de Fortaleza (CE).

Ela e outras famílias enfrentam o calor de mais de 30°C e o risco de encontrar alimentos contaminados, à semelhança de outros casos que recentemente viraram notícia pelo país.

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8 dados que mostram impacto do Bolsa Família, que chegou ao fim após 18 anos

Por Thais Carrança, da BBC News Brasil

Com um custo de 0,5% do PIB (Produto Interno Bruto), o Bolsa Família conseguiu em seus 18 anos de história reduzir a pobreza e a pobreza extrema, diminuir a mortalidade infantil, aumentar a participação escolar feminina, reduzir a desigualdade regional do país e melhorar indicadores de insegurança alimentar entre os mais pobres.

Enquanto todos esses benefícios eram colhidos, a fertilidade da população de baixa renda diminuiu – mostrando que uma das ideias difundidas inicialmente para atacar o programa, a de que ele seria um incentivo para que famílias buscassem ter mais filhos para receberem mais, não tinha fundamento.

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