Cidades invisíveis

O que há por trás dos projetos atrelados aos megaeventos e como isso afeta os direitos, a saúde e a vida urbana

Por Ana Cláudia Peres, na Radis

Célio e Felipe vão vestir laranja no mês dos Jogos Olímpicos. Laranja é a cor dos garis. Maria de Lourdes, a Maria dos Camelôs, fechará a barraquinha de roupas femininas que mantém no Centro da Cidade nos três feriados municipais decretados pelo Prefeito — mas seu espírito olímpico não é mais o mesmo de quando torcia pelo Brasil com churrasco e roda de samba. Dona Irone, a mãe de Vitor Santiago, terá pouco tempo para ver os atletas disputando medalha pela TV. Ela agora se dedica integralmente aos cuidados do filho baleado pelo Exército quando voltava para casa, na favela Vila Pinheiro, no Rio de Janeiro. Rodrigo, o motorista da linha 804, que atravessa a zona oeste da capital fluminense, estará em trânsito, como sempre. O vigia Altair Antunes, que perdeu a casa durante a remoção da Vila Autódromo, achava que tinha o direito de ficar ali por “99 anos”. Anda desacreditado do país da festa olímpica. (mais…)

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‘O outro lado da cidade-espetáculo’: Radis de agosto analisa impacto urbano da Olimpíada do RJ

por Radis, no Informe ENSP

A edição n°167 de agosto de 2016 da Revista ‘Radis’, que está disponível on-line, analisa o impacto da Olimpíada para o Rio de Janeiro. De acordo com o editorial, megaeventos esportivos são usados como pretexto para impor modelos de reordenamento urbano desde 1992, na Olimpíada de Barcelona, na Espanha. Foi assim em 2014, durante a Copa da Fifa em várias capitais do Brasil, como ocorre agora, com a Olimpíada do Rio de Janeiro. “As alardeadas transformações e modernizações para os jogos olímpicos legaram ao carioca uma cidade ainda mais excludente, desigual e entregue à especulação imobiliária. O modelo de ocupação e mobilidade implantado é voltado para os negócios, em detrimento do interesse e da qualidade de vida da maioria da população, dos transportes de massa e de soluções socioambientais sustentáveis”, atestam pesquisadores, movimentos sociais e moradores ouvidos pelas repórteres da revista Ana Cláudia Peres e Liseane Morosini. (mais…)

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Protestos Anti-Olimpíadas no Rio na véspera dos “Jogos da Exclusão”

Adam Talbot – RioOnWatch

Ao longo da semana, uma série de eventos protestando as Olimpíadas estão ocorrendo no Rio, culminando em uma grande manifestação antes da cerimônia de abertura, no dia 5, sexta-feira. Sob o lema “Jogos da Exclusão”, vários movimentos sociais e coletivos têm se reunido para organizar uma série de eventos que destacam os problemas com a realização das Olimpíadas na cidade.

Há muitos motivos para os moradores do Rio protestarem contra as Olimpíadas. O projeto urbanístico do Prefeito Eduardo Paes mudou a cidade tornando-a mais desigual, segregada e dividida. Em nome dos jogos mais de 77 mil moradores de favela foram removidos de suas casas e outros moradores, tanto das favelas como da cidade formal, foram forçados a sair de suas residências por causa do processo de gentrificação. Cerca de 2.500 cidadãos foram mortos pela polícia na cidade, desde que o Rio foi selecionado para sediar os jogos em 2009. Todos os planos, considerados grandiosos, de legados ambientais, incluindo a limpeza dos canais da cidade, foram desfeitos. Além de não ajudar o meio ambiente, os jogos ajudaram a danificar ainda mais a natureza, o campo de golfe construído na Reserva Municipal Marapendi sendo um exemplo desse prejuízo ao meio ambiente. (mais…)

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O Brasil chega à Olimpíada sem cara, por Eliane Brum

Entre o discurso de 2009 e a realidade de 2016, há um país em que a conciliação do inconciliável já não é possível nem como construção identitária

No El País Brasil

O mais fascinante desta Olimpíada no Rio é a negação de uma ideia de Brasil. É a impossibilidade de apresentar um imaginário coeso sobre o país para fora – e também para dentro. É a total impossibilidade de conciliação. Esta é a potência do momento – confundida às vezes com fracasso, com estagnação ou mesmo com impotência. O Brasil chega à Olimpíada sem que se possa dizer o que o Brasil é. (mais…)

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Jogos da exclusão: aqui, ali e em qualquer lugar

Como outras cidades-sede, o Rio deu continuidade a um histórico de violação de direitos em nome das Olimpíadas

por Erick Omena de Melo, em Carta Capital

Finalmente o circo olímpico aterrissa no Rio de Janeiro. Atletas, turistas e profissionais de mídia de todo o mundo estão hospedados na cidade. O Comitê Olímpico Organizador estima que uma audiência de mais de cinco bilhões de pessoas espalhadas por 220 países assista às competições.

Conforme enfatizado no dossiê de candidatura, a promessa é de uma grande e apaixonada festa encenada como pano de fundo para o embate entre as grandes estrelas do esporte mundial. (mais…)

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Calamidade olímpica

Começam esta semana os Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro, em meio a uma das piores crises financeiras dos últimos anos. Movimentos sociais esperam fortalecimento das mobilizações, mas expressam preocupação com leis que ameaçam direito à manifestação aprovadas para as Olimpíadas

Por André Antunes – EPSJV/Fiocruz

Quem lê o título desta matéria logo o associa com a decisão do governador em exercício do Rio de Janeiro Francisco Dornelles, que no dia 17 de junho decretou estado de calamidade pública, sob o argumento de que a “grave crise financeira” que o estado atravessa “impede o cumprimento das obrigações assumidas em decorrência da realização dos Jogos Olímpicos”. Mas a realidade é que na “cidade olímpica”, a calamidade é de outra ordem. E ela nem sempre está publicada em diário oficial. (mais…)

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Vitória para Vila Autódromo! 20 famílias restantes finalmente recebem chaves das novas casas

Adam Talbot – RioOnWatch

A Vila Autódromo tem lutado contra a remoção Olímpica por anos. Moradores da comunidade travaram uma forte campanha com muita paixão para fazer valer o direito de permanecer em suas terras, na qual a comunidade tem resistido por mais de 40 anos. Foram utilizadas táticas criativas de resistência, que vão desde um plano de urbanização premiado que mostrou como a prefeitura poderia facilmente integrá-los em seus planos por um custo mais baixo, a uma campanha de vídeo viral baseada na hashtag #UrbanizaJá, até a atualizações diárias de grafite nas paredes, que deixavam os visitantes sem nenhuma dúvida do que os moradores pensavam, constantemente, sobre as ações da prefeitura em seu bairro. (mais…)

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