Nos ombros de mulheres e negros, o peso da precarização

O mercado de trabalho continua sexista e racista, mostram dados detalhados do IBGE sobre informalidade e desemprego. Disparidade salarial é chocante: negros recebem 40% menos do que brancos, e mulheres, 27% do que homens. Como aliar políticas afirmativas e de geração de emprego?

por Erik Chiconelli Gomes, em Outras Palavras

O mercado de trabalho brasileiro apresenta disparidades estruturais que se manifestam de forma persistente ao longo do tempo, refletindo desigualdades históricas baseadas em raça e gênero. Segundo os dados mais recentes divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), por meio da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua, pessoas pretas e pardas continuam enfrentando taxas de desemprego superiores à média nacional, além de maior informalidade e menores rendimentos quando comparadas às pessoas brancas (IBGE, 2025). Da mesma forma, as mulheres ainda experimentam desvantagens significativas em relação aos homens, tanto em termos de acesso ao emprego quanto de remuneração. Este estudo busca analisar essas desigualdades como características estruturais do mercado de trabalho brasileiro, explorando suas manifestações contemporâneas e impactos sociais. (mais…)

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Por que apoiar práticas de matriz africana no SUS

Rio seria a primeira cidade a reconhecer fazeres do povo de terreiro como promoção de saúde – mas voltou atrás, dias depois. Conhecimento ancestral afro-brasileiro é eficiente no cuidado e prevenção, e sua legitimação é prevista pela Política de Saúde da População Negra

por André Lemos, em Outra Saúde

No dia 19 de março de 2025 a Prefeitura do Rio de Janeiro publicou, no Diário Oficial, a Resolução Conjunta das Secretarias de Meio Ambiente e Clima e Saúde (nº2), pelo reconhecimento das práticas e as comunidades de matrizes africanas como promotoras da saúde e de cura complementares ao SUS. Porém, uma semana depois, 25 de março, a mesma prefeitura a revogou via Decreto (nº 55824) sem muitas explicações. Tudo indica que foi uma articulação política institucional (apoiada por movimentos sociais) que foi barrada no âmbito da execução e gestão. (mais…)

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Genocídio negro: o STF agirá? Por Luiz Eduardo Soares

“Aboliremos a escravidão, desde que…”, diziam os oligarcas no Império. A mesma lenga-lenga cerca agora a ADPF-635, que interromperá, se aprovada, as operações policiais mortíferas nas favelas e periferias. O Supremo se atreverá a acolhê-la?

em Outras Palavras

Nesse domingo, 23 de março, na Folha de SP e no Globo, ótimo artigo de Elio Gaspari compara as resistências ao projeto de lei do governo federal que busca tornar menos injusto o Imposto de Renda às evasivas dos anti-abolicionistas, no século XIX, que se diziam de acordo com o fim da escravidão, “desde que”… Havia sempre um “desde que”, exigindo reparações aos proprietários penalizados com a perda de seus ganhos e alertando para riscos de desorganização da economia, instabilidade jurídica e desordem pública. Enquanto lia o catálogo da infâmia escravagista, pensava na população vulnerabilizada do Rio de Janeiro e nos inumeráveis “desde que” ainda em voga, mobilizados diariamente por políticos e policiais para postergar mudanças urgentes na segurança pública. Contra a ADPF 635, que o STF se prepara para votar, evocam o “desde que” sem pruridos, sacrificando a razão, as evidências e qualquer veleidade de honestidade intelectual. (mais…)

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Os passos à frente em equidade racial na saúde

Assessoria criada por Nísia Trindade no ministério tem conseguido avanços na saúde integral para a população negra. Seu trabalho integra secretarias e assegura a luta contra o racismo no SUS. Mas ainda há muito a se conquistar – em momento político de retrocessos

por Gabriela Leite, em Outra Saúde

Uma maior participação de movimentos sociais nas políticas voltadas à equidade racial dentro do Ministério da Saúde (MS) era uma reivindicação antiga, que encontrou força no momento de transição do governo Lula 3. Após a devastação de Bolsonaro na pasta havia muito a se reconstruir, em especial em relação à Política Nacional de Saúde Integral da População Negra (PNSIPN). Empossada, a ministra Nísia Trindade percebeu a relevância do tema e instituiu, em seu próprio gabinete, a Assessoria para Equidade Racial em Saúde. (mais…)

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A que passo avançam as políticas de saúde negra

Desde 2023, o Ministério da Saúde voltou a priorizar a formulação de estratégias para levar o SUS à população negra e quilombola de forma efetiva. Especialistas da área mapeiam e elogiam as medidas adotadas – mas também ressaltam o “desafio do financiamento”

Por Hilton P. Silva e Ana Leia Moraes Cardoso, autores convidados, em Outra Saúde

Conforme demonstrado nos dois primeiros Boletins Epidemiológicos sobre a Saúde da População Negra (12), publicados em 2023, em geral, os indicadores analisados apontam que este grupo apresenta dados piores que a população branca brasileira. Os dados, alarmantes, são corroborados por centenas de publicações realizadas após a promulgação, em 2009, da Política Nacional de Saúde Integral da População Negra (PNSIPN), que reconheceu, pela primeira vez na história do país, a existência do racismo institucional. (mais…)

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Por que é tão difícil traçar a genealogia de pessoas negras no Brasil?

Conversamos com historiadores para entender os desafios da preservação da memória e da ancestralidade

Por Pedro Ezequiel | Edição: Mariama Correia, em Agência Pública

A investigação foi feita com apoio do Pulitzer Center

Se o futuro é ancestral, como recuperar a memória que se apagou? Como acessar as histórias que a escravidão combinou de silenciar? Enquanto uma parte da população se beneficiou do sistema da escravidão, pessoas negras sofreram duros impactos. Um deles foi o apagamento de suas identidades, culturas e genealogias. (mais…)

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AquilombaSUS: o protagonismo negro na saúde

Livro reunirá experiências antirracistas no sistema. Seus organizadores defendem: ação do Estado é indispensável, mas apenas o movimento social pode resgatar a radicalidade necessária para provocar as mudanças necessárias na estrutura

por Gabriela Leite, Outra Saúde

Ainda é preciso avançar muito para acabar com o racismo SUS, embora a equidade esteja em seu cerne. Mas iniciativas que combatem as desigualdades raciais nas estruturas do sistema público de saúde sempre existiram – basta que se escute. É o que tenta fazer um projeto encabeçado por Emiliano de Camargo, Rachel Gouveia e Tadeu de Paula, que compõem a Frente Nacional de Negros e Negras da Saúde Mental (FENNASM). Os três pesquisadores concederam entrevista conjunta ao Outra Saúde para falar sobre seu novo projeto. (mais…)

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