Marx feminista? Por Maria Rita Kehl

Comentário sobre o livro de Karl Marx

Em  A terra é redonda

Exato: Marx, feminista. A opressão sexual das mulheres, no grande século burguês, não poderia passar despercebida à sensibilidade libertária do inventor do socialismo científico. Nem que fosse por acaso: é o que revela este pequeno livro que contém o ensaio Sobre o suicídio. Este, escrito em janeiro 1846, foi impresso pela Gesellschafts spiegel, Órgão de Representação das Classes Populares Despossuídas e de Análise da Situação Social Atual. Que outra sociedade, seja capitalista social democrata, teria criado um órgão público com funções tão precisas? Nada a ver com nossas vagas (e hoje praticamente obsoletas) Secretarias de Bem-Estar Social.

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A cidade que mata o futuro: em 2020, Altamira enfrenta um aumento avassalador de suicídios de adolescentes

Nos quatro primeiros meses do ano, o número de pessoas que tiraram a própria vida na cidade mais violenta da Amazônia já é quase o triplo da média anual do Brasil

por Eliane Brum e Clara Glock, em El País

Ela só lembra que gritou. Foi um grito que tomou conta de tudo, abarcou todo o movimento ao redor, fez com que as pessoas e as coisas em torno dela desaparecessem. E então tudo escureceu. Ela estava indo em direção ao corpo dilacerado do filho para abraçá-lo uma última vez. O adolescente de 17 anos enviara uma mensagem pedindo desculpas por tirar a própria vida, e ela, parentes e amigos corriam pelas ruas de Altamira para tentar impedi-lo. Um tempo sem tempo, como ela lembra, uma corrida contra um relógio desconhecido. E então um corpo fez seu voo vertical para o chão. O adolescente havia se atirado de uma torre construída dentro de uma escola. Quando gritou, a mãe sabia que tinha perdido. O urro de dor emergiu de dentro dela para dar conta da escuridão que desde 9 de fevereiro a acompanha.

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STF diz sim aos voos de envenenamento

Ineficaz contra os mosquitos, perigosíssima para a saúde humana e defendida por poderoso lobby, pulverização aérea de cidades tem aval do Supremo. Leia também: suicídio entre indígenas é o triplo da média nacional e mais

Por Maíra Mathias e Raquel Torres, em Outra Saúde

O STF E O INSETICIDA QUE VEM DO CÉU

Em 2016, quando os casos de microcefalia assustavam o mundo e a epidemia de zika se tornava uma das maiores emergências de saúde pública já enfrentadas no Brasil, a então presidente Dilma Rousseff enviou ao Congresso Nacional uma medida provisória que listava uma série de medidas que poderiam ser tomadas pelas autoridades públicas quando fosse verificada uma “situação de iminente perigo” pela presença do mosquito Aedes aegypti. Durante a tramitação da MP, o deputado federal Valdir Colato (MDB-SC) apresentou uma emenda para incluir na lista a permissão da pulverização aérea de inseticidas para o controle do inseto. Colato, hoje à frente do Serviço Florestal Brasileiro, é autor do projeto que revoga a lei de crimes ambientais e libera a caça.

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Como a Monsanto sabotou pesquisas sobre câncer

Corporação tentou desacreditar IARC, agência da ONU que relacionava o glifosato à doença. Houve pressão sobre parlamentares e patrocínio de pesquisas “amigas”. Leia também: novo relatório da OMS sobre suicídio no mundo

Por Maíra Mathias e Raquel Torres, em Outra Saúde

SEM PUDOR

Desde que a Agência Internacional para Pesquisa sobre o Câncer (IARC, na sigla em inglês) classificou o glifosato como “provável carcinógeno” em 2015, congressistas dos Estados Unidos têm pressionado para drenar o financiamento do organismo ligado à ONU. E, no Intercept, Lee Fang examina (e cita) documentos que indicam como esse ataque político foi, em parte, “roteirizado pela Monsanto”, recentemente comprada pela Bayer: “Arquivos recém-divulgados pelo escritório de advocacia Baum Hedlund incluem e-mails, documentos e transcrições de depoimentos da empresa, mostrando que os advogados e lobistas da Monsanto orientaram os legisladores, coordenando esforços para questionar a credibilidade da IARC e reduzir o apoio dos EUA ao organismo internacional”. 

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Agronegócio concentra as maiores taxas de suicídio entre trabalhadores

Entre 2007 e 2015, casos de trabalhadores da agropecuária que tiraram a própria vida cresceu o dobro da média nacional. Exposição aos agrotóxicos é considerada a principal causa

Por Cida de Oliveira, em Rede Brasil Atual / MST

O agronegócio é o setor econômico que concentra as maiores taxas de suicídio entre trabalhadores. De 2007 a 2015 foram registrados 77.373 suicídios, cerca de 8.597 por ano. Corresponde a uma mortalidade anual de 8,9 por 100.000 indivíduos em 2007, e de 10,5 em 2015. O dado consta da edição de agosto do Boletim Epidemiológico do Centro Colaborador da Vigilância dos Agravos à Saúde do Trabalhador do Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal da Bahia (UFBA).

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Taxa de suicídios entre indígenas é três vezes superior à média do País

Lilian Campelo – Saúde Popular

Podem ser diversos os fatores que levam alguém a tirar a própria vida, e quando se trata de povos indígenas o tema é ainda mais amplo, visto que existem cerca de 305 etnias com 274 línguas. Pelo segundo ano o Ministério da Saúde aponta que o registro de óbitos por suicídio é maior entre indígenas quando comparado a branco e negros. (mais…)

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Suicídios no Brasil, o país onde o passado não passa

por Mário Magalhães, em The Intercept Brasil

Suicídio não tem glamour.

No fim de fevereiro, uma fotografia comoveu quem ainda tem coração para se comover: mostrava um pai de 56 anos, Waritaxi Iwyraru Karajá, velando os túmulos dos três filhos que se mataram entre 2012 e 2016. O caçula tinha 21 anos. A filha, de 24, suicidou-se grávida de quatro meses. “Até hoje eu não descobri o que acontecia na cabeça dos meus meninos”, disse o pai aos repórteres Rodrigo Vargas e Danilo Verpa, o autor da foto. (mais…)

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