Achille Mbembe e a África como futuro

Por Achille Mbembe, em entrevista a Pablo Maille no Usbek & Rica/Outras Palavras

Última pedra na construção de uma trilogia iniciada com Politiques de l’inimitié [Política da inimizade] (2016) e continuou com Brutalisme [Brutalismo] (2020), La communauté terrestre [A comunidade terrena], de Achille Mbembe, foi lançado nas livrarias no dia 16 de fevereiro pela editora La Découverte. Nesta obra densa e estimulante, o historiador camaronês, notadamente vencedor do prêmio Ernst Bloch em 2018, se propõe a mostrar “como nossa relação fundamental com a Terra só pode ser aquela do habitante e do passageiro”, apoiando-se sobretudo na “riqueza insondável” dos pensamentos animistas africanos. “É como habitante e passageiro que a Terra nos acolhe e nos abriga, que guarda os vestígios da nossa passagem, aqueles que falam em nosso nome e em memória de quem teremos sido (…) É nesse medida que ela é a última das utopias, a pedra angular de uma nova consciência planetária” – escreve o homem que no ano passado se tornou o diretor da Fundação da Inovação para a Democracia. Durante sua recente visita a Paris, pudemos perguntar a ele sobre a “abertura da imaginação” à qual ele convoca. (mais…)

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A utopia, a história e o desafio de governar. Por José Luís Fiori

Se retornar ao governo no Brasil, a esquerda estará de novo diante de um dilema. Como gerir produção e Estado capitalistas, orientando-os para fins socializantes. Vale a examinar a história deste desafio, que permanece sem resposta satisfatória

No Outras Palavras

Although anything can happen within the train, much of it
unpredictable, there is one thing the historian must nor forget:
trains can go faster or slower, they can come to a stop, they
can explode, but there are constrained by the tracks. History is
about what people do within the limits of their landscape, their
needs and their past1

Donald Sassoon, One Hundred Years of Socialism

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Rosa Luxemburgo acordou ao lado de Kim Kataguiri (ou tenham paciência que chego na Nicarágua). Por Tarso Genro

A ação política da esquerda, que é dignificante dos seres humanos, sempre contém traços de uma utopia

No Sul21

A ficção científica e a ficção social e política têm os mesmos impulsos de sentido, pois ambas buscam moldar o futuro e são obrigatoriamente centradas em desejos humanos que não estão conformados com o presente. Ambas as ficções têm reflexos diretos e indiretos na arte e no trabalho, neste como apropriação pelos humanos dos bens naturais para multiplicar a vida. As pessoas vivem no presente, mas neste presente estão sempre projetando o futuro e refazendo o seu passado, O passado nunca é o mesmo: é sempre modificado na nossa memória, pelo que pretendemos do futuro e pelo ajustes de contas com os nossos próprios erros e acertos. Mas são perfeitamente cínicos e voluntariamente cínicos aqueles que querem modificar o seu passado, tentando esconder seus erros e imoralidades, assumidos por oportunismo político ou por desprezo pela democracia. Rosa de Luxemburgo disse que uma verdadeira democracia revolucionária é aquela que dota os adversários do poder instalado a partir do reconhecimento dos direitos que são devidos a todos.

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Negacionismo, gatopardismo e transicionismo. Por Boaventura de Sousa Santos

Pandemia mostra: o fim do mundo que conhecíamos já começou, e seu desmoronar pode ser brutal. Três grandes tendências entrarão em choque. Há chance de evitar o futuro-distopia – mesmo que ele já esteja cravado em nós

No Outras Palavras

A pandemia do novo coronavírus veio pôr em causa muitas das certezas políticas que pareciam ter-se consolidado nos últimos quarenta anos, sobretudo no chamado Norte global. As principais certezas eram: o triunfo final do capitalismo sobre o seu grande concorrente histórico, o socialismo soviético; a prioridade dos mercados na regulação da vida não só econômica como social, com a consequente privatização e desregulação da economia e das políticas sociais e a redução do papel do Estado na regulação da vida coletiva; a globalização da economia assente nas vantagens comparativas na produção e distribuição; a brutal flexibilização (precarização) das relações de trabalho como condição para o aumento do emprego e o crescimento da economia. No seu conjunto, estas certezas constituíam a ordem neoliberal.

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Boaventura: “Só os míopes desprezam a utopia”

Confinado numa aldeia portuguesa, ele acaba de concluir novo livro. A pandemia abre o século XXI, argumenta, e surgem três cenários possíveis. É preciso lutar, com “otimismo trágico”, pela saída pós-capitalista. Ou aguardar, em apatia, o pior

Boaventura de Sousa Santos a José Cabrita Saraiva, no I / Outras Palavras

No livro que acaba de enviar para a editora defende que o século XXI começa agora. Entre as mudanças que antevê, aponta o fim do turismo internacional e o redimensionamento de centros comerciais.

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Por dentro de uma invenção democrática: a Campanha Internacional por um Currículo Global da Economia Social Solidaria se reúne 16 e 17 de março, no Rio

Uma  Campanha da sociedade civil global, auto-gerida, promove articulações e quer fortalecer a educação que vai além da escola e da Academia, dialogando com a vida, os movimentos sociais e construindo a  outra economia possível. Em cinco meses e sem contar com nenhum recurso  financeiro, a proposta da Campanha por um Currículo Global da Economia Social Solidaria já conquistou a adesão de organizações e redes, não apenas na América Latina, como também na Europa e na África. Em breve, vozes de outros continentes poderão  se fazer  ouvir, à medida que mais redes se unem à Red Educacion y Economia Social Solidaria-REES e a outras inicialmente  envolvidas.

Por Madza Ednir*, especial para Combate (mais…)

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