Tecno-Apocalipse: teses para a Era das Redes Sociais. Por Bruna Della Torre

A era da informação se torna a era da ignorância, e nossa situação como “utópicos invertidos”, isto é, incapazes de ver o que já fizemos, é combinada com a perda de nossa capacidade de imaginar o que poderíamos fazer. Para escapar desta situação, devemos primeiro nos perguntar, sem medo da resposta: existe alguma possibilidade de emancipação dentro deste aparato e situação?

No Blog da Boitempo

Em 1959, Günther Anders fez um discurso na Freie Universität Berlin que foi posteriormente publicado como “Teses para a Era Atômica”, no qual ele analisou o impacto apocalíptico da bomba nuclear na política. As reflexões abaixo, inspiradas por esse texto, abordam algumas das consequências da ascensão das plataformas sociais desde 2008 no mesmo âmbito. Enquanto as plataformas de trabalho são amplamente analisadas e criticadas pela precarização do trabalho que produzem, as plataformas sociais permanecem, apesar do reconhecimento generalizado de seus efeitos nocivos para a sociedade, o grande consenso do realismo capitalista atual, para usar a expressão de Mark Fisher. O objetivo aqui não é comparar as redes sociais ou as plataformas com a bomba atômica de forma literal, mas reconhecer seu efeito profundo e, até agora, irreversível na política. (mais…)

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Vandana Shiva: A comida é o que liga a terra, as plantas e as nossas entranhas

Deve haver uma consciência coletiva da nossa capacidade de produzir alimentos saudáveis por nós mesmos e de forma ecológica, sem produtos químicos. Estou convencida de que as pessoas comuns têm as soluções para os grandes problemas. Quando milhões de pessoas exercem o seu poder criativo, são mais fortes do que cinco bilionários ou cinco empresas.

No Blog da Boitempo

Vandana Shiva luta há décadas contra as indústrias e as empresas financeiras que privatizam os seres vivos em detrimento da biodiversidade e da saúde humana. O “cartel do veneno”, como ela as chama, nunca se intimida em fazer expressões chocantes. (mais…)

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“Bioeconomia é só um ajuste ao gosto do capitalismo”

Em entrevista, Ailton Krenak, escritor indígena recém-eleito para ABL, afirma que propostas de enfrentamento da crise climática precisam repensar o capitalismo. ” A lógica do capitalismo é devorar o planeta.”

João Pedro Soares, Deutsche Welle

No dia 5 de outubro, Ailton Krenak se tornou o primeiro indígena eleito para a Academia Brasileira de Letras (ABL). A cerimônia de posse está prevista para abril de 2024. “Chega a ser uma contradição”, diz, ao lembrar o desprezo imposto às línguas indígenas pela colonização. (mais…)

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A quintessência da seriedade. Por Abrao Slavutzky

Em Terapia Política

Perguntavam ao Millôr Fernandes se o humor era coisa séria. Um dia respondeu que o humor é mais do que sério, é a quintessência da seriedade, frase que ficou famosa. Ou seja: o humorismo vai além da seriedade, indo ao seu âmago, daí ser sua quintessência. Entretanto, o mundo da cultura, ainda resiste à importância do humor, como as revistas culturais. Tendem a não abrir espaço para se pensar a importância do humor, e o tema ocupa assim uma certa marginalidade, o que é interessante. O conhecido historiador Robert Darnton – autor do “O grande massacre de gatos” – estuda a piada, pois a considera uma porta de entrada num sistema cultural. Antes dele o filósofo Ludwig Wittgenstein escreveu que o humor, mais que um estado de espírito, é uma visão de mundo.  (mais…)

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O deserto pós-humano. Por Slavoj Žižek

O desenvolvimento da Inteligência Artificial levará ao fim do capitalismo tal como o conhecemos

Em A Terra é Redonda

A carta aberta do instituto The Future of Life exigindo uma pausa cautelar de seis meses no desenvolvimento de inteligências artificiais já foi assinada por milhares de figuras de alto escalão, incluindo Elon Musk. Os signatários temem que os laboratórios de IA estejam “presos em uma corrida descontrolada” pelo desenvolvimento e pela implementação de sistemas cada vez mais poderosos que ninguém – inclusive seus criadores – pode compreender, prever ou controlar. (mais…)

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Branquitude: Um campo de estudos críticos referentes ao privilégio das pessoas brancas em sociedades estruturadas pelo racismo

Por Erika Farias – EPSJV/Fiocruz

Estudos sobre história e cultura afro-brasileiras têm evidenciado o fato de que a sociedade ocidental foi educada a partir de uma visão eurocêntrica de mundo, em que os feitos dos colonizadores foram ensinados, geração após geração, como conquistas e atos heroicos. Por este ponto de vista, criou-se uma ideia do homem branco como vencedor, a força motriz de uma expansão capitalista que, por séculos, sequestrou, escravizou e aniquilou povos inteiros. Mais de 130 anos após a assinatura da Lei Áurea, declaração ‘formal’ que determinou a abolição da escravatura em solo brasileiro – sem que houvesse indenizações ou posteriores políticas de integração aos recém libertos – hoje, são notórios e crescentes o ativismo e o movimento social negro, bem como os debates acerca de consequências pessoais, sociais e econômicas dos quase 400 anos de escravização do povo africano e afrodescendente. Apesar do avanço das discussões referentes à reparação histórica de pretos e pardos, um aspecto desta engrenagem permanece em segundo plano: a invisibilização do branco escravizador. É neste campo crítico, de estudos referentes aos privilégios da pessoa branca em sociedades estruturadas pelo racismo, que surge o conceito de ‘branquitude’. (mais…)

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