Pode a esquerda ser governo e antissistema? Por Antonio Martins

Manifestações deste domingo abrem uma porta. Elas mostram que derrotar a ultradireita em 2026, e estar no Palácio do Planalto, precisa ser a chave para enfrentar a desigualdade e os privilégios – não a senha para se acomodar a eles

Em Outras Palavras

O que há apenas seis meses parecia uma miragem voltou a tornar-se realidade neste domingo, 14/12. Dezenas de milhares de pessoas saíram às ruas em diversos pontos do país, convocadas por movimentos sociais e artistas próximos à esquerda para contestar decisões do Congresso Nacional em favor do poder econômico e dos privilégios da casta política. Aceito sem críticas até há pouco, o tabu segundo o qual as ruas estavam dominadas pelo bolsonarismo e não podiam pesar em favor de uma agenda de mudanças foi novamente desmentido pelos fatos. O alvo, agora, foi duplo. Por um lado, a tentativa — do Centrão e da ultradireita, unidos — de reduzir as penas dos golpistas de 2023, disfarçada pelo eufemismo de “mudança na dosimetria”. Por outro — e não menos importante —, o novo esforço do Parlamento por aprovar um “marco temporal” que bloqueia a demarcação de terras indígenas, em favor dos proprietários de terra. (mais…)

Ler Mais

Ruas, artistas, democracia: resposta a um Congresso capturado

Protestos em várias cidades contra o PL da Dosimetria revelam a força simbólica e política do engajamento cultural, a retomada das mobilizações de massa pela esquerda – e o isolamento de um Parlamento cada vez mais voltado à autoproteção e distante das demandas sociais

Por Glauco Faria, em Outras Palavras

Neste domingo (14), dezenas de milhares de pessoas foram às ruas em diversas cidades do Brasil, nas capitais de estado e em municípios médios, para protestar contra o chamado PL da Dosimetria, que reduz penas para os condenados do 8 de Janeiro, com a intenção explícita de aliviar as punições para o ex-presidente Jair Bolsonaro e outros envolvidos na trama golpista. (mais…)

Ler Mais

A pedagogia de guerra nas escolas cívico-militares

Já são centenas delas no Brasil. O currículo oculto: propagandear a militarização da sociedade como saída à indisciplina e aos baixos resultados nos índices escolares. Docilizar corpos periféricos. E ocultar as raízes estruturais das desigualdades

Por Ronaldo Queiroz de Morais*, em Outras Palavras

Destituído de ilusão, toda sociedade moderna arrasta algum grau importante de militarização. Afinal, o sonho militar de sociedade anunciado por Michel Foucault é, demasiadamente, moderno. Entretanto, o Brasil constitui-se como sociedade militarizada antes mesmo de tornar-se nação e de efetivar-se como Estado Moderno no sentido weberiano, ou seja, de estabelecer o monopólio da violência a partir de instituições militares realmente militarizadas. A independência brasileira manteve o sistema escravocrata no território nacional e, inexoravelmente, arremeteu a força das armas contra a população escravizada e empobrecida. Nessa perspectiva, é possível discorrer que a história do Brasil independente é a história da incessante descarga de endocolonização junto à população tradicionalmente oprimida. (mais…)

Ler Mais

Ato político demarca o enfrentamento a mineração predatória em Minas Gerais

Durante a atividade foi assinado o projeto de recuperação agroecológico do Rio Doce

Por Flora Villela, da Página do MST

Como parte do 34º Encontro Estadual do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), em Minas Gerais, aconteceu na noite deste sábado (13), o Ato Político e Cultural Sem Anistia Para os Crimes da Mineração. O momento denunciou os crimes, ambientais e humanos, cometidos pelo setor minerário nas bacias do Rio Doce e Paraopeba. E marcou a assinatura do Projeto de Recuperação Econômica Agroecológica da Bacia do Rio Doce. (mais…)

Ler Mais

A transferência de paróquia foi desmentida diante dos protestos, mas Padre Júlio Lancellotti continua proibido de praticar de forma plena o cristianismo

Nota de Combate: O texto abaixo, da jornalista Denise Ribeiro, foi enviado e postado quando ainda prevalecia a informação da transferência de Padre Júlio da paróquia de São Miguel Arcanjo. A reação às medidas anunciadas contra ele foram seguidas de desmentidos quanto a isso, mas as demais sanções – com destaque para ter as missas de domingo transmitidas  ao vivo e usar redes sociais – foram mantidas.

Por Denise Ribeiro*

Nesta segunda-feira uma notícia estarrecedora deixou sem chão os católicos progressistas e todos os que admiram o trabalho da Pastoral Povo da Rua: dom Odílio Scherer, arcebispo de São Paulo, transferiu o padre Júlio Lancellotti da paróquia de São Miguel Arcanjo, no bairro da Mooca, onde ele atua há 40 anos. Para onde? Ninguém sabe.

Que motivos levariam dom Odílio a tomar decisão tão drástica em pleno final de ano? Que forças ocultas levariam o arcebispo a abrir mão de um homem dedicado a cuidar sem descanso da população mais vulnerável da cidade? (mais…)

Ler Mais

Nenhuma a Menos X Política pública de Menos: quando a política não chega e o feminicídio avança. Por Sérgio Botton Barcellos

No dia 14 de dezembro de 2025 no Brasil, após os atos contra o PL da dosimetria, no qual progressistas e segmentos da esquerda foram às ruas, foi muito pautado, além da pauta sobre o “Congresso Inimigo do povo”, emergiram também muitos protestos relacionados ao feminicídio no país. Falar disso, como homem branco, hétero e cis, ciente dos meus privilégios, mesmo vindo de uma classe popular, é sempre complexo e desafiador. Além de lidar e questionar os meus privilégios e enfrentar o meu próprio machismo, assim como o machismo presente nas relações com as pessoas com quem eu convivo, pergunto-me, então, o que posso fazer nesse debate a partir do lugar que vivo. Sob essa perspectiva, vou esboçar aqui nesse ensaio o feminicídio à luz das pesquisas que desenvolvo em sociologia, especialmente no campo das políticas públicas. A partir disso, reforço e parto do princípio aqui que o feminicídio no Brasil não é um conjunto de coincidências e não pode ser reduzido apenas a fatores culturais, ainda que estes sejam essenciais na dimensão social, pois devem ser considerados em conjunto com dimensões econômicas, ambientais e políticas da realidade. (mais…)

Ler Mais

Votos de Gilmar e Dino contra marco temporal geram alerta em indígenas

Apesar de afastarem a tese do marco temporal, os votos dos ministros do STF mantêm condicionantes consideradas por lideranças indígenas como retrocesso de direitos e com riscos de conflitos

Por Nicoly Ambrosio, da Amazônia Real

Manaus (AM) – Em meio a protestos dos povos indígenas, o julgamento do marco temporal foi retomado em sessão extraordinária nesta segunda-feira (15), no Supremo Tribunal Federal (STF). Sob formato virtual, o ministro Gilmar Mendes, relator do processo, proferiu seu voto contra a tese que limita a ocupação de povos indígenas em seus territórios ancestrais a 5 de outubro de 1988, data da promulgação da Constituição Federal. A expectativa é que todos os ministros votem até quinta-feira (18), quando o julgamento será encerrado. (mais…)

Ler Mais