O Senador Telmário, o Parque do Lavrado e o Direito de Consulta

Pelo CIR

Finalmente apareceu a grande obra do senador Telmário Mota para o futuro de Roraima, segundo a propaganda distribuída por ele nos domicílios de Boa Vista. O senador que se diz indígena, apesar de ter nascido e se criado na sede de uma fazenda dos invasores da Terra Indígena Raposa Serra do Sol, apresentou como suas grandes vitórias a exclusão do Parque do Lavrado de um decreto presidencial, e a retomada do Linhão de Tucuruí que atravessa a Terra Indígena Waimiri-Atroari.

A unidade de conservação Parque Nacional do Lavrado é um compromisso assumido pelo governo federal desde o tempo da homologação da Terra Indígena Raposa Serra do Sol, quando o governo federal decidiu repassar as terras da União para o governo de Roraima, o que tem gerado um dos maiores escândalo de corrupção da curta história deste estado. O bioma do Lavrado é único no país, e não conta com nenhuma unidade federal de conservação para a sua preservação. Com a magnânima atuação do senador e da presidenta Dilma, estas terras estão agora ‘livres’ para serem transformadas e uma gigantesca lavoura de soja, arroz e cana de açúcar.

O licenciamento das obras do Linhão de Tucuruí pelo governo federal sem nenhum procedimento de consulta prévia ao Povo Waimiri Atroari já está sendo contestado pelo Ministério Público Federal, pela forma autoritária e inconstitucional como foi perpetrada mais esta agressão contra um povo que sofreu um dos mais terríveis processos de genocídio na história recente do país. Nos anos 70, durante a ditadura militar, a estrada BR 174 foi aberta dentro da terra indígena à revelia dos índios. Mais de 1,1 mil indígenas morreram em conflitos e doenças, conforme consta em documentos da Comissão Nacional da Verdade (CNV), criada pela Presidência da República. (pdm)

Boa Vista, 11 de janeiro de 2016.

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