ENSP prepara seminário sobre danos da indústria do petróleo na Baía de Guanabara

Informe ENSP

Pesquisadores da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (ENSP/Fiocruz) e o seu diretor, Hermano Castro, se reuniram, na quinta-feira, 4 de fevereiro, com representantes do Fórum dos Atingidos pela Indústria do Petróleo e Petroquímica nas Cercanias da Baía de Guanabara (FAPP-BG). O Objetivo do encontro foi propor ações conjuntas, entre elas a realização de um seminário, para se discutir os impactos que a Refinaria Duque de Caxias (Reduc), da Petrobras, e outras instalações provocam na saúde da população.

No encontro, foi entregue ao diretor Hermano Castro uma carta em que o FAPP-BG solicita à ENSP contribuição técnico-científica para a realização de uma série de ações. Uma delas seria a elaboração de estudos que diagnostiquem os possíveis danos à saúde advindos das atividades da Reduc e do polo petroquímico que se formou a seu redor. Entre os impactos listados, está a emissão de gases, causando doenças, especialmente em crianças e idosos, e a contaminação da água e do solo por resíduos. Na carta, o Fórum também solicita à Escola ajuda para a implementação de projetos de vigilância em saúde que dialoguem com a população. Nesse sentido, a sugestão na carta é a utilização do método de Vigilância Popular em Saúde. Também com a intenção de democratizar processos e saberes, o documento fala da importância de se disponibilizar os dados levantados pelos estudos acadêmicos em uma linguagem acessível ao público leigo.

Presente à discussão, o pesquisador do Cesteh/ENSP, Marcelo Firpo, falou da importância do diálogo e da pesquisa engajada nesse processo.

– Para a elaboração de um seminário como esse, a gente pode convidar grandes pesquisadores, que tenham pesquisas de muita relevância na área, mas que, muitas vezes, saem de uma reunião sem a perspectiva de uma agenda focada. Estamos falando de algo que envolve conflito, participação do Ministério Público, lutas concretas. Seria interessante que a própria preparação do seminário fosse um processo de fortalecimento do diálogo. Me agrada a ideia de pensá-lo não só como como um evento, mas como um processo em que possamos, por exemplo, ir à Baixada em um sábado para conversar com a população, trabalhadores da saúde e lideranças locais que não possam vir ao seminário e oferecer apoio técnico, científico e político a eles.

A pesquisadora Bianca Dieile, do Departamento de Saneamento e Saúde Ambiental (DSSA/ENSP), lembrou de outras formas de contribuição que a Escola pode oferecer.

– Não podemos esquecer que somos uma escola e ela está aberta para receber as pessoas do movimento para fazerem cursos aqui. Esse ano teremos cursos de inverno, etc. Essa pode ser outra forma de parceria com o Fórum, sugeriu.

Por fim, o diretor Hermano Castro citou uma experiência pessoal para falar da importância de se envolver os profissionais de saúde locais no seminário que está sendo elaborado.

– Isso é importante, porque permite dar continuidade aos processos de trabalho. Eu visitei a cidade de Belford Roxo três vezes nesses três anos em que estou na gestão da escola. Em todas as ocasiões, me encontrei com um secretário de saúde diferente. É uma região com muita volatilidade, muitas mudanças políticas, conflitos de interesses. Em uma dessas ocasiões, eu ofereci um curso a distância que temos aqui na Escola, sobre tuberculose. Mas quanto se tem a queda de um secretário, o processo é interrompido. Por isso, temos que trazer para esse seminário os conselhos municiais de saúde e outras autoridades que não apenas aquelas do primeiro escalão. E não devemos esquecer da importância da pressão popular para se discutir a fundo os temas que o Fórum propõe.

Imagem: Reprodução do Informe ENSP.

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