Seminário discute alternativas de produção sem agrotóxicos no Noroeste Rio Grandense

Incra/RS

Com o objetivo de refletir sobre o crescente uso de agrotóxicos e o papel do Estado na questão, o I Seminário de Alternativas ao Modelo de Produção ocorreu nesta quarta-feira (20) no assentamento Rondinha, em Jóia (RS), cidade da região Noroeste do Rio Grande do Sul. O evento foi promovido pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e pela equipe do Núcleo Operacional de Assistência Técnica, vinculado à Emater/RS – entidade contratada pelo Incra para atender os agricultores da reforma agrária.

Cerca de 200 agricultores de sete municípios da região prestigiaram o encontro, juntamente com autoridades e interessados no tema. Os produtos do assentamento Rondinha foram comercializados em uma feira e servidos ao público durante o almoço. Além disso, uma exposição organizada pelo “Museu da Agricultuta” do município de Selbach expôs as diferentes formas de aplicação de agrotóxicos ao longo do tempo.

No salão de debates, pela manhã, as discussões giraram em torno do tema “As consequências do modelo do agronegócio na agricultura”. À tarde, a programação abordou “Perspectivas e desafios na construção de modelos agroecológicos”. Neste eixo, o superintendente do Incra/RS, Roberto Ramos, destacou o papel da autarquia na promoção da agroecologia nos assentamentos. “Queremos nos aprofundar na questão. A intenção é, dentro das atribuições do Instituto, elaborar uma proposta de ações que pode ser oferecida aos agricultores em alternativa aos modelos convencionais de produção”.

O Incra incentiva a agricultura de base orgânica por meio da assistência técnica, que tem a agroecologia como uma de suas premissas. A oferta de créditos e a instalação de infraestrutura também amparam essas iniciativas. Ramos citou outras ações do Instituto que procuram estimular práticas agroecológicas: Programa Terra Sol, de apoio à agroindustrialização e à comercialização de produtos oriundos da reforma agrária, Quintais Sustentáveis, que distribuiu kits de produção agroecológica, e Programa de Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera), com cursos voltados à formação na área. Por fim, o dirigente ressaltou a necessidade de articulação entre um conjunto de esferas – governamentais ou não – cada uma enfocando as diferentes responsabilidades frente aos desafios da agroecologia.

Uma das experiências já em curso e apoiada pela autarquia é o arroz orgânico, distribuído em cinco mil hectares de 17 assentamentos, envolvendo 556 famílias.

Encontro

As discussões do seminário realizado em Jóia iniciaram com o alerta de Leonardo Melgarejo, da Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural (Agapan), sobre as possíveis consequências associadas ao aumento no uso de agrotóxicos nas lavouras. “São produtos químicos com capacidade de alterar o metabolismo nos organismos vivos – podendo causar câncer, contaminar as águas e alterar a superfície do solo favorecendo algumas comunidades e prejudicando outras”.

A percepção da agricultora Robertina Veberin, do assentamento Rondinha, reforça as afirmações do especialista. “Dá para ver a diminuição das abelhas no campo e das frutas no arvoredo (pomar).” Por isso, ela decidiu participar do evento. “Estou vendo que a agricultura sem agrotóxicos é viável. Tenho que pensar também no amanhã, que água meus netos Hyago e Gabriel vão beber”, disse.

Desdobramentos

Os debates realizados durante o I Seminário de Alternativas ao Modelo de Produção devem integrar os preparativos de um evento estadual, programado para agosto, voltado a incentivar práticas agrícolas não dependentes de agroquímicos nas áreas incorporadas pela reforma agrária. Os outros 19 núcleos operacionais de assistência técnica voltada aos assentados no Estado também poderão realizar encontros regionais prévios.

Apoios

Além do Incra, a mobilização desta semana contou com o apoio das seguintes entidades: Cooperativa de Trabalho em Serviços Técnicos Ltda. (Coptec), Cooperativa Agrícola de Produção, Comercialização e Prestação de Serviços (Coopercampo), Prefeitura Municipal de Jóia, Ministério Público Estadual, Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural (Agapan), Centro de Referência em Saúde do Trabalhador (Cerest/Ijuí), Escola Estadual de Ensino Médio Joceli Correa e Esporte Clube Estrela.

foto: Ascom Incra/RS

Deixe um comentário

O comentário deve ter seu nome e sobrenome. O e-mail é necessário, mas não será publicado.

seis + 2 =